Como apagar as mágoas que causamos nas pessoas?

O que fazer se você magoou alguém? O que fazer se essa pessoa que você feriu não consegue esquecer o que você fez?

Dias atrás, eu falei sobre a importância de gerenciar as nossas emoções. Nossas emoções são bênçãos de Deus pra nós! Experimentamos o mundo com nossas emoções.

Como seria a chegada de uma criança tão esperada na família se não existissem as emoções? A vida é melhor com alegria, com entusiasmo… E mesmo as emoções dolorosas têm papel importante em nossa vida.

Porém, quando ficamos com raiva, irados, precisamos dar conta de não deixar essas emoções sabotarem nossa vida. A própria Bíblia diz: Irai-vos, mas não pequeis. Está em Efésios, capítulo 4 – orientação do apóstolo Paulo.

Na perspectiva dos estudos apresentados pelo escritor e pesquisador Daniel Goleman, a gestão das emoções é exercício de inteligência.

E uma das coisas que a prática da inteligência emocional pode evitar é que a gente fale algo sem pensar, no calor das emoções, e magoe alguém.

Nesta semana, recebi o recado de uma ouvinte. No calor das emoções, ela falou o que não devia falar; ela machucou o marido. Curiosamente, ela fez isso e, no dia seguinte, ouviu nossa mensagem sobre a gestão das emoções.

Ela correu para pedir perdão ao marido, mas ele disse que não sabe se consegue perdoá-la. Não é a primeira vez que ela é agressiva verbalmente e, agora, já tem muita mágoa guardada no coração do marido.

Ei, escuta o Ronaldo: palavras não têm volta. Aquilo que fazemos não se apaga.

Quando estudamos o funcionamento do cérebro, entendemos inclusive uma coisa: as coisas negativas sempre vencem. O peso de uma palavra ríspida é maior do que três palavras carinhosas que você diz para alguém.

Por isso, o pesquisador sobre relacionamentos, o psicólogo americano John Gottman recomenda que, para cada coisa que fere seu parceiro ou parceira, você precisa de cinco coisas positivas para tentar compensá-la.
Ou seja, diariamente, se queremos investir em nosso relacionamento, o melhor é não causar mágoas. A melhor estratégia é não ferir. Porque depois de ferido, não é fácil reconectar, reaproximar.

Esta é uma das principais razões dos relacionamentos esfriarem ao longo dos anos. Se todos os dias, somos ríspidos, grosseiros, vamos plantando mágoas, dores, ressentimentos. Por mais que se peça perdão, cada nova atitude negativa reaviva na memória aquilo que já foi vivido.

E o pior, a ferida de hoje se soma a todas as feridas anteriores.

Aí você diz: mas então não perdoou.

Perdoou. Perdoou sim.

Mas você não consegue dizer pra memória apagar o que já foi vivido. Por isso, cada nova atitude negativa serve de gatilho para trazer de volta tudo aquilo que está guardado.

E essas memórias, mesmo em alguém que ame muito, que seja generoso na relação e até se silencie, evitando confrontos… Mesmo numa pessoa com essa personalidade, essas memórias causam tristeza e, principalmente, afastamento emocional.

Consequências? Perda de empolgação com o relacionamento, desconfiança na capacidade da outra pessoa se controlar emocionalmente… Perda da parceria – você prefere evitar uma conversa, um diálogo, porque sabe que pode se machucar. E a perda da intimidade – inclusive sexual.

Portanto, é sempre melhor evitar. Evidente que, dentro de um relacionamento, sempre existirão confrontos. Mas não podem ser a regra. Nenhum relacionamento resiste se acontecer brigas diárias, agressões verbais diariamente.

Mas e aí, o que fazer se a mágoa já instalada?

Primeiro passo, pedir perdão. Pedido sincero e sem justificativas. Sem justificar porque agrediu. Pede perdão e diz que fará tudo para não acontecer de novo.

Vai resolver o problema? Não.

Mas aí entra o segundo passo: compromisso com a mudança. Você disse que faria de tudo para não acontecer de novo. Então faça. E espere.

Se a mudança for permanente, o outro vai perceber e, aos poucos, você reconquista a confiança do seu parceiro/a. Não vai apagar o passado, mas o passado ficará cada vez mais distante. E as boas atitudes do presente vão se sobrepondo ao passado, tornando as feridas menos dolorosas.

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