Nem sempre as pessoas gostam da família do parceiro, da parceira. Às vezes, existe uma certa incompatibilidade. Acontece. Não é o melhor, mas acontece.
Por outro lado, não são raros os casos em que é a família do outro, do parceiro, da parceira, que não gosta da gente. Todo mundo conhece alguém que o sogro “não vai com a cara”, que a sogra vive “pegando no pé”… Há casos, inclusive, em que a rejeição é completa.
Essa trama é conhecida há muito tempo. Inclusive muito bem retratada na literatura, no cinema, nas novelas… A história clássica mais conhecida e impactante foi construída pelo mestre Shakespeare. É a história de Romeu e Julieta.
É bom ser amado, admirado. Ser bem recebido, ter a aprovação da família do outro, faz bem pro coração. É uma delícia quando se é o “queridinho” da sogra, quando se tem o sogro como parceiro, quando a cunhada está sempre ali pra dar uma força… Porém, fica tudo muito difícil quando a família rejeita. E até persegue.
Por isso, uma leitora perguntou: e daí, o que fazer?
Não existe manual para essas situações. Na verdade, tudo que envolve relacionamento depende muito da dinâmica, das circunstâncias. E, se houver perseguição, tem que considerar a dimensão que isso pode tomar. Ainda assim, algumas coisas, porém, podem servir de balizadores para enfrentar esse tipo de problema.
Primeira coisa, é preciso reparar em como o parceiro lida com esse cenário. Ele percebe a rejeição da família ou acha que tudo é coisa da sua cabeça? Se o outro não nota, a luta está perdida. Esquece. Se ainda está namorando, esquece e vá viver sua vida. Não vai dar certo.
Se já casou, ore por um milagre. E seja a melhor pessoa que puder ser para seu parceiro, para sua parceira. E faça de tudo para não comprar brigas com a família dele/a.
Outra coisa… Se você percebe que é rejeitado, como você administra isso? Se a pessoa que diz te amar se sente insegura em função do que a família dele diz e faz, a chance de dar errado também é grande. Agora, se a pessoa amada está do seu lado, fechada contigo, dá para apostar no futuro da relação.
Segunda questão, tendo como premissa que o parceiro reconhece que a família não gosta de você, mas ainda assim reafirma confiança e faz de tudo para viver bem contigo, a dinâmica desse relacionamento passa a depender muito de como vocês vão lidar com isso. Principalmente, você.
Então escute…
Se você agir com retaliação, enfrentamento ou mesmo ignorar a família do seu parceiro (parceira), você vai alimentar todos argumentos ruins que já utilizam contra você. Talvez você não ligue e até goste de guerra. Mas, cá com meus botões, acho que viver em paz é a coisa mais preciosa que pode nos acontecer.
Então… Quando a família do outro não gosta da gente, só nos resta mostrar que não somos o que eles pensam. Não significa fingir e nem viver para agradar. Significa agir com gentileza, educação, respeito e tolerância. Reforço, isso não significa perder a autenticidade; significa ser alguém de bem, alguém que exercita a bondade, sem se preocupar com o que vai receber em troca.
Essa atitude com a família do parceiro é investimento no romance. Trata-se de preservação do próprio relacionamento. Isso porque, por mais que o companheiro saiba da rejeição, ele provavelmente deseja viver em paz contigo e com a família dele/a. Se você entra em confronto com a família dele/a, o romance vira um inferno. O casal vai sofrer tanta pressão que vai chegar um momento que uma das partes não vai resistir.
É por isso que eu digo: quando a família do parceiro não gosta da gente, é necessário ter, primeiro, o outro ao seu lado. Tem que ser alguém disposto a te preservar, a te defender. E com forças pra fazer isso. A briga, nesse caso, é dele com a família; e não sua. É ele quem tem que administrar a situação. Seu papel é não dar lado para as acusações que vai sofrer. E aqui uma ressalva: você não deve, em hipótese alguma, estimular o confronto. Não é ético e tampouco, cristão.
Por fim, e talvez o mais importante, para você que ainda está namorando: você está disposto/a a viver isso? Afinal, não existe garantia alguma que um dia vai conquistá-los. O amor de sua vida também tem consciência disso? Ele/a também acha que dá conta de administrar a situação e ser feliz, mesmo assumindo uma relação que contraria a família?
É fundamental entender que talvez as coisas nunca mudem nessa relação. Estariam dispostos a pagar o preço? Querem viver em “pé-de-guerra”? Desejam se isolar deles “pra sempre”?
Essas são perguntas que, individualmente, o casal precisa responder.
Um relacionamento é muito maior que as duas pessoas diretamente envolvidas. Não dá para ignorar o impacto que o ambiente, inclusive familiar, tem na felicidade do casal.