As redes sociais e as meninas

As redes sociais têm causado sofrimento emocional em muitos jovens e adolescentes. E as meninas são as principais vítimas.

Vamos conversar sobre isto?

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As redes sociais fazem parte da vida de milhões de pessoas. E os estudos mostram que nós, brasileiros, gostamos demais das redes.

A pesquisa We are social, de 2024, que é o estudo mais completo sobre tecnologias digitais e que engloba os hábitos de consumo de conteúdo digital em todo o planeta, revela que os brasileiros, em média, estão presentes em pelo menos 8 redes sociais diferentes.

É isso mesmo. Se você está apenas no Instagram ou no Facebook, saiba que você desconhece o que está rolando no mundo das redes.

Nossos jovens, conhecem redes e estão presentes em mídias sociais que a maioria dos pais sequer ouviu falar.

E embora eles estejam bastante atualizados, a maneira como usam as redes tem causado sofrimento emocional.

Os estudos desenvolvidos por diferentes pesquisadores mostram que o uso excessivo e inadequado das redes sociais pode trazer sérios prejuízos para a saúde mental dos adolescentes.

O uso das redes pode afetar a autoestima, o bem-estar, o sono, o rendimento escolar e a relação com os outros.

Porém, descobrimos recentemente que as meninas são mais afetadas do que os meninos.

Dados alarmantes do Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC), de 2021, revelam que quase três em cada cinco meninas adolescentes se sentem constantemente tristes ou sem esperança.

E por que isto acontece?

Os pesquisadores acreditam que as meninas, que amadurecem mais cedo do que os meninos, sofrem mais com a pressão de se adequarem a padrões irreais e contraditórios de feminilidade, que são reproduzidos e amplificados pelas redes sociais.

Elas também são mais vulneráveis a experiências de bullying, exclusão, violência e exploração sexual no ambiente virtual. E isso pode gerar sentimentos de tristeza, ansiedade, culpa, vergonha e desesperança.

As plataformas são particularmente tóxicas para as meninas, porque expõem um conteúdo sexista intenso, que pressiona as meninas a atender a padrões físicos irreais e as coloca sob o olhar crítico da sociedade.

A pressão para se encaixar nos padrões, a busca por pertencimento, leva as meninas a uma encruzilhada perigosa – elas se veem obrigadas a adotar uma maturidade sexual precoce para serem populares; ao mesmo tempo, enfrentam a sexualização e o assédio por parte de adultos.

A influência das imagens e vídeos, mais do que as palavras, no cérebro em desenvolvimento dos jovens é profunda e imediata.

As redes sociais, com seus algoritmos desenhados para capturar a atenção, não mostram para os jovens os perigos que estão ali… Por outro lado, promovem a imitação de comportamentos nocivos.

Diante desse cenário, é fundamental que as famílias estejam atentas aos sinais de sofrimento emocional das meninas e ofereçam apoio, orientação e proteção.

Os pais devem conversar com suas filhas sobre os riscos e benefícios das redes sociais. Não se trata de proibir. Proibir só cria afastamento.

O pai e a mãe que não sabem como agir e optam pela censura, pela proibição, perdem os filhos.

Eles vão consumir, escondidos, os conteúdos; e, pior, os pais ficarão alheios, ignorantes ao que está acontecendo.

Portanto, a estratégia é, primeiro, conhecer as redes para saber como dialogar. E ao fazer isto, agir com afeto, com amor.

Desta forma, devem estimular o uso crítico e responsável dessas ferramentas, negociar o tempo de uso e exposição às telas, incentivar outras atividades saudáveis e prazerosas, como hobbies, esportes, leitura e convívio social, e buscar ajuda profissional quando necessário.

As redes sociais não são ruins, desde que não substituam ou prejudiquem as relações reais, o desenvolvimento pessoal e a qualidade de vida dos jovens.

As meninas, que são as mais afetadas, precisam de mais suporte da família para enfrentar os desafios da adolescência e construir sua identidade e autoconfiança.

Adolescentes, mídias sociais e tecnologia 2023

As mídias sociais se tornaram um componente indispensável na vida dos adolescentes. A recente pesquisa do Pew Research Center, realizada entre 26 de setembro e 23 de outubro de 2023, nos oferece uma visão do comportamento digital dos jovens americanos – e embora não seja possível dizer que a realidade se repete aqui, no Brasil, ainda assim vale a pena observar os dados.

Com 1.453 participantes de 13 a 17 anos, o estudo revela tendências intrigantes e transformações no cenário das plataformas online.

A Supremacia do YouTube:
O YouTube reina supremo no universo digital dos adolescentes, com cerca de 90% deles relatando seu uso. Essa taxa elevada sugere que o YouTube transcendeu sua função original como uma plataforma de vídeos para se tornar um centro vital de informação, entretenimento e educação para a juventude.

A Ascensão e Queda das Plataformas:
TikTok, Snapchat e Instagram continuam a ser populares, cada um com mais de 50% de adoção entre os adolescentes. No entanto, vemos uma queda notável no uso do Facebook, de 71% em 2014-2015 para 33% em 2023, refletindo talvez uma mudança no apelo das plataformas entre gerações mais jovens. Curiosamente, o Twitter, agora renomeado como X, também viu um declínio, embora menos acentuado.

Estabilidade e Novas Tendências:
O estudo revela uma estabilidade notável no uso de sites como TikTok em comparação com o ano anterior. Isso indica uma consolidação de preferências entre os jovens. Além disso, o BeReal surge como uma novidade, com 13% dos adolescentes explorando este aplicativo.

Mergulhando na Frequência de Uso:
A frequência de uso dessas plataformas é outra revelação surpreendente. Cerca de 70% dos adolescentes visitam o YouTube diariamente, e um número significativo relata usar TikTok e Snapchat quase constantemente. Isso aponta para um engajamento profundo e persistente com essas plataformas.

Variações Demográficas:
Existem variações no uso das mídias sociais baseadas em gênero, raça e etnia. Por exemplo, meninas tendem a usar TikTok e Snapchat mais intensamente do que meninos. Além disso, adolescentes hispânicos se destacam no uso do TikTok e Snapchat, enquanto a BeReal é mais popular entre os adolescentes brancos.

Tempo Online e Uso de Dispositivos:
Quase metade dos adolescentes afirma estar online “quase constantemente”, um indicativo da crescente imersão digital. Quanto aos dispositivos, smartphones são quase universais entre os adolescentes, enquanto o acesso a computadores e tablets varia com a renda familiar. Notavelmente, os consoles de jogos são mais prevalentes entre os meninos.

Os resultados do Pew Research Center destacam uma paisagem digital em constante evolução para os adolescentes americanos. Enquanto algumas plataformas mantêm sua popularidade, outras enfrentam um declínio, refletindo as mudanças nas preferências e comportamentos dos jovens.

Essas tendências não apenas moldam a forma como os adolescentes interagem entre si, mas também influenciam a maneira como acessam informações e conteúdo. À medida que entramos mais fundo na era digital, será fascinante observar como essas tendências evoluem e moldam o futuro da conectividade social.

Segue abaixo, um resumo dos dados:

Adolescentes, Mídias Sociais e Tecnologia 2023

  1. Uso Predominante de Plataformas Online

YouTube: 90% dos adolescentes o utilizam.
TikTok: 63% dos adolescentes de 13 a 17 anos e cerca de 70% dos adolescentes de 15 a 17 anos.
Snapchat: 60% dos adolescentes.
Instagram: 59% dos adolescentes.
Facebook: Uso reduzido de 71% em 2014-2015 para 33% atualmente – ainda assim, observando os últimos dois anos, há certa estabilidade nos números; ou seja, o Facebook parou de cair.
Twitter (X): Uso declinou menos acentuadamente do que o Facebook.

  1. Estabilidade no Uso de Mídias Sociais

Uso do TikTok está estatisticamente inalterado desde o ano passado.

  1. Novidade: Uso do BeReal

13% dos adolescentes usam o BeReal.

  1. Frequência de Visita às Plataformas Online

YouTube: 70% visitam diariamente, incluindo 16% quase constantemente.
TikTok: 58% usam diariamente, com 17% quase constantemente.
Snapchat: 14% usam quase constantemente.
Instagram: 8% usam quase constantemente.
Facebook: 19% usam diariamente, com 3% quase constantemente.

  1. Uso das Plataformas por Gênero e Raça/Etnia

TikTok e Snapchat: Maior uso entre meninas (TikTok: 22% das meninas vs. 12% dos meninos quase constantemente).
YouTube, Instagram e Facebook: Pouca ou nenhuma diferença de gênero no uso constante.
TikTok: 32% dos adolescentes hispânicos usam quase constantemente, comparado a 20% dos adolescentes negros e 10% dos brancos.

  1. Diferenças Demográficas no Uso de Plataformas

Instagram: 68% dos adolescentes de 15 a 17 anos usam, contra 45% dos de 13 a 14 anos.
Facebook: Uso maior entre adolescentes de famílias com renda abaixo de US$ 30.000 (45%) comparado a famílias com renda de US$ 75.000 ou mais (27%).
TikTok: Uso maior em famílias de renda mais baixa (71% vs. 61% em famílias de renda mais alta).

  1. Tempo Online dos Adolescentes

Uso Geral da Internet: Quase 50% estão online “quase constantemente”.
Por Raça/Etnia: 55% dos adolescentes hispânicos e 54% dos negros estão online quase constantemente, comparado a 38% dos brancos.
Por Idade: 50% dos adolescentes de 15 a 17 anos usam a internet quase constantemente, contra 40% dos de 13 a 14 anos.

  1. Dispositivos Utilizados

Smartphones: 95% têm ou têm acesso.
Computadores: 90% têm ou têm acesso, mas apenas 72% em famílias com renda abaixo de US$ 30.000.
Consoles de Jogos: Acesso maior entre meninos (91%) do que meninas (75%).
Tablets: 65% têm ou têm acesso, sendo menos comum em famílias de renda mais baixa (57% contra 67% em famílias de renda mais alta).

O tempo está passando mais rápido?

Já parou para pensar sobre como o tempo parece estar voando? Sente que os dias, semanas e até mesmo os anos estão passando mais rápido do que nunca? E o que está acontecendo com o nosso tempo livre?

Em primeiro lugar, é preciso dizer que a sensação de que o tempo está passando mais rápido tem a ver com o aumento da familiaridade com os padrões e rotinas da vida cotidiana. Quando somos expostos a eventos repetitivos e previsíveis, nosso cérebro tende a processar essas informações de forma mais eficiente, o que pode levar à percepção de que o tempo está acelerado.

Além disso, o envelhecimento também desempenha um papel na percepção do tempo. À medida que envelhecemos, cada período de tempo se torna uma fração menor da nossa vida total – isso faz com que os eventos pareçam ocorrer mais rapidamente.

Por exemplo, na vida de alguém com 40 anos, um ano representa uma partezinha em 40 anos; já na vida de um garoto de 10 anos, um ano é um décimo da vida dele. Isso faz com que um ano pareça muito tempo para quem apenas 10 anos de idade.

Mas existe um outro problema: a maneira como administramos o tempo. Quando estamos ocupados e engajados em várias tarefas, tendemos a sentir que o tempo está passando mais rápido.

Ao experimentarmos tudo de maneira apressada, dedicamos pouca atenção ao tempo presente. E isso faz com que você chegue ao final do dia cansado e com aquela sensação: gente, o que foi que eu fiz hoje?

Nossa sociedade moderna é obcecada pela velocidade. O filósofo francês Paul Virilio apontou que: “A velocidade é a forma de êxtase que a revolução técnica nos reservou”.

Mas, o que ele queria dizer com isso? Bem, a revolução tecnológica permitiu que fizéssemos mais coisas, mais rápido. Estamos sempre conectados, sempre ligados, sempre produzindo. Mas essa velocidade toda nos custou algo valioso: o nosso tempo.

Agora, é normal sentirmos que não temos tempo suficiente para fazer tudo que queremos ou precisamos. Vivemos na urgência constante, sem tempo para respirar, sem tempo para simplesmente ser.

Já recuperou na ansiedade por responder uma mensagem pelo whatsapp? Ou na ansiedade de ter sua mensagem respondida?

Mas será que precisamos viver assim?

O autor Javier Gomá Lanzón nos chama para uma reflexão profunda sobre esse tema em um artigo na revista Ethic. Ele nos lembra que o tempo é um bem escasso e precioso. Então, como podemos recuperá-lo?

Bom, para começar, podemos aprender a resistir à tirania da urgência e do imediatismo. É normal querermos fazer tudo ao mesmo tempo, mas isso não é saudável. Precisamos buscar um equilíbrio entre o tempo produtivo e o tempo ocioso, entre o tempo público e o tempo privado, entre o tempo linear e o tempo circular.

Aqui vão algumas dicas de Lanzón para nos ajudar a recuperar nosso tempo:

Primeiro, que tal cultivar o silêncio e a contemplação? Isso pode nos ajudar a desacelerar e a nos reconectar com nós mesmos e com o mundo ao nosso redor.

Segundo, valorize o ócio criativo. Aquele tempo que você passa fazendo algo que ama, seja ler um livro, pintar, tocar um instrumento, praticar um esporte ou passar tempo com quem você ama.

Terceiro, respeite o ritmo natural do seu corpo e da natureza. Viva de acordo com os ciclos do dia e da noite, as estações do ano, as fases da vida.

E, por último, valorize o tempo presente. Lembre-se, cada momento é uma oportunidade única e irrepetível de viver e de ser feliz.

Então, que tal começarmos agora? Recupere seu tempo, desacelere e viva de forma mais consciente. Afinal, o tempo é nosso bem mais precioso e merece ser vivido com toda a plenitude.

Atrevimentos virtuais

Você sabia que a internet tira a inibição, o pudor e deixa as pessoas mais atrevidas?

Estudos desenvolvidos por pesquisadores norte-americanos mostraram que a virtualidade potencializa a perda do pudor, da vergonha… Noutras palavras, virtualmente, as pessoas ficam mais atrevidas.

Até aquela pessoa quietinha, toda comportada, se torna outra na rede.

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão após a observação de um grupo de pessoas que participava de uma série de testes envolvendo os efeitos da internet no comportamento cerebral.

Os cientistas notaram que pessoas bastante inibidas, tímidas, que não falavam, ao usarem ferramentas digitais, não agiam da mesma forma. Depois de pouco tempo, essas pessoas foram se tornando cada vez mais ousadas nos contatos virtuais e logo estavam falando sobre sexo e outros assuntos que nunca faziam parte do repertório cotidiano delas.

A partir dessa observação e de posse de outras pesquisas é possível concluir que a virtualidade funciona como uma espécie de anestesia – tanto dos pudores quanto da empatia, que é outro aspecto importante que vale considerar.

Na internet, as pessoas atacam e agridem de um jeito que não fariam fora da rede. E ao fazerem isso, assumem uma espécie de outra identidade.

E é o mesmo que acontece no que diz respeito aos aspectos morais que envolve a abordagem sexual. No contato com outra pessoa, a vergonha parece deixar de existir, o proibido se torna atrativo e o que há de mais instintivo e emocional emerge.

Por isso, inclusive entre pessoas casadas, é mais fácil uma abordagem, que pode resultar, inclusive, em traição virtual.

Para te ajudar a não viver experiência, quero deixar aqui algumas dicas:

Primeira, não ache que é algo que só acontece com os outros. Quando a gente pensa que só os outros é que fazem bobagem, a gente não se protege. Tornamo-nos mais vulneráveis às tentações. Ou, noutras palavras, tornamo-nos tolos, como diz o sábio Salomão.

Segunda, não se exponha. Não se trate de sair da internet, das redes sociais; trata-se de não abrir espaço para diálogos que podem resultar num tipo de aproximação que vai trazer consequências negativas para sua vida. Isso é ser prudente!

Terceira, mantenha as senhas de seu celular abertas para as pessoas que fazem parte de sua intimidade – por exemplo, esposa/o, filhos etc. Este tipo de atitude eleva o grau de consciência. Pensar que alguém pode ver o que você faz na internet ajuda na auto-vigilância.

Talvez alguém ai possa dizer: “ah… Ronaldo, mas eu dou conta; não preciso de ninguém espiando meu celular”.

Engano seu; você precisa! Os estudiosos descobriram que a perda da inibição não acontece necessariamente apenas em pessoas que estariam pré-dispostas a serem mais ousadas na internet. O que, na prática, é que o ambiente favorece a perda de inibição e suspensão dos valores morais.

Lembra do ditado: “a ocasião faz o ladrão?”. O ditado é super válido para a internet.

Quarta, reconheça que estamos em meio a uma guerra espiritual entre o bem e o mal. A internet, as redes sociais e nenhuma tecnologia é necessariamente má. Porém, pode ser instrumento do mal para nos levar a fazer coisas que vão causar danos as nossas emoções, vão prejudicar relacionamentos e até mesmo nossa comunhão com Deus.

Por isso, revista-se da armadura de Deus em sua jornada diária. Assim, você fará escolhas sábias e vai usar as ferramentas digitais para tornar sua vida mais fácil, aproximar-se produtivamente das pessoas e até para te proporcionar bons momentos de lazer.

Pegou a ideia?

Redes sociais e nossa falsa identidade

Você gosta das redes sociais? Está presente nas redes sociais? Eu estou. E há bastante tempo. Minha estreia na internet aconteceu antes mesmo da popularização das redes. Foi em 2005, quando criei meu primeiro blog. Desde então mantenho uma rotina virtual, com publicações que tentam oferecer as pessoas orientações para que cuidem melhor de si mesmas.

Neste meu percurso de mais de 17 anos na internet, eu sempre andei sobre uma corda bamba. A internet é maravilhosa, mas a exposição é grande. E eu não me sinto confortável com a exposição pessoal.

Porém, sei que meu incômodo não é o incômodo de todas as pessoas.

Por outro lado, sei também que as redes sociais na internet potencializaram os jogos de aparência. Muitos de nós criamos personagens de nós mesmos. Uma imagem falsa de si, mas que se sobrepõe ao que de fato a pessoa é.

Projeta-se algo e vive-se o que foi projetado. Nas redes. A pessoa cria uma espécie de vida paralela. Ou, como revela o título de um jogo lançado em 2003, uma segunda vida. O Second Life, por sinal, é um ambiente virtual simula a vida real e social do ser humano através da interação entre avatares. Ali a pessoa pode declaradamente assumir uma segunda vida.

Nas redes, embora essa segunda vida seja mais sutil, ela se dá de maneira subjetiva com efeitos objetivos.

A pessoa vira refém da imagem. É necessário se mostrar bem-sucedida, com vida amorosa bem resolvida, bons relacionamentos, amizades… Uma vida social invejável.

Na vida real, todo mundo tem problema. Mau humor, fracassos profissionais, desencontros afetivos… Contas pra pagar, viagens horríveis – ou até a impossibilidade de fazer um passeio bacana. Isso tudo faz parte do cotidiano das pessoas. Entretanto, na internet, quase nada disso aparece.

Li recentemente uma observação feita por um autor: problemas financeiros todo mundo tem; até o homem mais rico do planeta. E é fato.

Os problemas com dinheiro do todo-poderoso da Amazon, Jeff Bezos, ou do novo poderoso do Twitter, Elon Musk, são diferentes dos nossos, mas certamente eles têm que enfrentar problemas para lidar com investimentos, com empresas concorrentes, gente querendo a grana deles… E, no caso de Jeff Bezos, até o divórcio que enfrentou, anos atrás, deve ter deixado ele bastante aborrecido por dividir metade da fortuna com a ex-esposa.

Gente, ninguém gosta de expor seus fracassos. Nem a rotina pouco empolgante do dia a dia. A gente quer mostrar nossa melhor face. É preciso mostrar-se feliz.

Particularmente, não vejo nada de mal nisso. Como eu disse, eu mesmo estou na internet. E ali exponho um pouco da minha vida, das coisas que faço… Nas redes, apresento apenas um recorte. Meus dias mais difíceis, meus medos, não estão ali. As pessoas não precisam saber.

Recortar apenas o melhor de nós para colocar nas redes não é ruim. Sabe o que é ruim? Se a imagem que as pessoas fazem de mim nas redes pautasse minhas decisões diárias, minhas escolhas. Seria ruim – e é ruim – quando a pessoa se torna refém da imagem criada nas redes.

A vida fora das redes reclama nossa presença.

Precisamos ser quem de fato somos. Autênticos. Sem exageros. Sem amarras. Apenas verdadeiros – não por causa dos outros; mas em respeito a nós mesmos, a nossa identidade.

Manter uma falsa imagem é uma agressão ao ser. Viola a nossa identidade e faz com que a gente perca a referência da pessoa que somos e que ainda podemos ser.

Imagem de Edar por Pixabay

Você gosta de polêmica?

Gosta de se envolver em polêmica? Tenho reparado que as pessoas têm “aproveitado” todas as oportunidades para fazer confusão – é com tema político, religioso, fé, comportamento moral etc. Impressionante.

Frequentemente quem se envolve em polêmica alimenta o pressuposto que possui a verdade. É alguém que acha ter razão. Na prática, a pessoa acredita possuir a verdade, mas não se contenta com isso; ela precisa impor o que pensa sobre o que a outra pensa e/ou defende.

O problema é que as polêmicas impedem a reflexão. E, pior, geralmente produzem atrito e, não raras vezes, afastam as pessoas. Polêmicas dividem, magoam e distorcem a realidade, porque não contribuem para uma análise das contradições, das fragilidades que a versão defendida pode conter.

Quer saber mais sobre isso? Ouça o podcat!

Dê o play para ouvir!

Cinco gatilhos mentais disparados pelas redes sociais

As redes sociais na internet são ferramentas poderosas e que podem ser usadas para nosso benefício, mas também podem desencadear uma série de danos à saúde emocional.

Hoje, tendo como referência uma reportagem da Folha de São Paulo, quero compartilhar com você informações sobre os “Cinco gatilhos mentais que podem ser acionados com as redes sociais”.

O hábito de se distrair vendo publicações em redes sociais é comum para pessoas de todas as idades. Os brasileiros passam em média 3 horas e 42 minutos por dia usando as ferramentas.

O problema é que essas plataformas podem gerar sintomas de depressão, ansiedade e baixa autoestima.

Ouça o podcast! Vale a pena entender o que a ciência já comprovou sobre o uso das redes e seus efeitos sobre as nossas emoções.

Imagem de Erik Lucatero por Pixabay

A internet para confirmação das nossas crenças

já viu gente usando frases que encontrou na internet pra dar indiretas ou até pra justificar suas atividades questionáveis?

eu vejo quase todos os dias!

deixa eu te contar uma história…

na semana passada, uma pessoa que conheço foi super grossa com uma colega.

na verdade, atacou a outra. brigou. agrediu verbalmente.

a vítima tinha feito bobagem, é verdade.

problemas no trabalho.

quem escutou um monte de coisas negativas, de fato, não havia feito seu serviço direito.

a equipe de trabalho tinha uma série de compromissos, mas tudo deu errado, porque faltou organização, voz de comando e, principalmente, quando as coisas começaram desandar, faltou pedir ajuda aos demais membros do grupo.

foi isso que motivou a confusão.

ou seja, quem agrediu tinha, digamos, motivos para agredir.

porém, o que aconteceu depois confirmou uma das características que geralmente alimentamos: explodimos e fechamos o canal para a conciliação.

o clima na equipe ficou super pesado e quem havia trabalhado mal e ganhado uma bronca muito mal educada ainda foi excluída do grupo.

por isso, houve necessidade de interferência superior.

a equipe foi chamada pelo chefe, que pediu a conciliação.

houve resistência.

e, minutos depois da reunião, lá estava na internet uma frase apropriada de algum perfil nas redes sociais.

a frase sustentava algo do tipo: eu aprendi que devo seguir meu caminho e não sou responsável pelas quedas e insucessos das outras pessoas.

a colega ofendida estava encolhida, já tinha faltado ao trabalho e estava perto de pedir demissão, mesmo precisando do trabalho.

mas quem agrediu não se achava responsável pelo problema. só achava que a outra pessoa estava colhendo o que tinha plantado e precisava ter humildade para aceitar a crítica.

essa história tem várias lições, mas eu achei curiosa a atitude da pessoa que, ao não responder diretamente o chefe, usou uma frase das redes sociais para expressar o que pensava.

e sabe o que eu fiquei pensando?

não é porque acho uma frase na internet que confirma o que eu acredito que a frase e meu pensamento estão certos.

na verdade, tem muito conteúdo na internet que apresenta um discurso egoísta, individualista, intolerante, insensível ao outro.

e muito desse discurso, por vezes, está presente até mesmo em páginas de gente influente. conhecida. famosa.

e isso é um problema, porque, naturalmente, temos a tendência de buscar palavras, conselhos e até textos bíblicos que confirmem nossas ideias.

a neurociência já identificou que estamos sempre em busca de confirmação para nossos pensamentos, principalmente quando eles são questionados.

e aí, frequentemente, a internet é fonte de confirmação até mesmo para as ideias mais absurdas (basta notar o sucesso das fake news).

a gente encontra na internet tudo o que a gente quer ouvir. inclusive tendo como referência o próprio texto sagrado.

por isso, tomo como referência alguns cuidados. vou compartilhar com você e talvez possa te ajudar.

primeiro, desconfio sempre, inclusive das minhas ideias.

segundo, aceito colocar em xeque as minhas ideias observando posicionamentos que contrariam o que penso. afinal, eu posso estar errado.

terceiro, consulto fontes confiáveis e que possuam uma história de coerência e sabedoria.

quarto, gosto demais de frases profundas, mas procuro entendê-las em seu contexto.

por fim, minha lente para olhar o mundo é Jesus Cristo. suas atitudes, como se comportava, o que Ele fazia. a vida e as práticas do homem Deus são meu meu guia de vida.

Os estragos causados na saúde emocional pela comparação

As redes sociais potencializaram as comparações e isso tem afetado a saúde emocional de muita gente.

Sabia disso? Você sabia que as redes sociais são, hoje, um problema pra muita gente? Sabia que as pessoas estão adoecendo por se compararem com as imagens postadas por amigos, conhecidos e até desconhecidos?

Várias pesquisas estão sendo realizadas em diferentes partes do mundo. Cito, por exemplo, um estudo feito pela instituição de saúde pública do Reino Unido, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem. Esse estudo apontou que as redes sociais podem provocar efeitos positivos, mas também têm sido nocivas à saúde humana. Tudo depende de como ela é utilizada. E o olhar de encantamento pela vida do outro é um dos maiores problemas.

Mas também é desastroso o despertar de desejos de consumo provocados pelas redes.

As pessoas olham a piscina, a cozinha planejada, o quarto encantador, a sala de estar muito bem iluminada, o carro super tecnológico e se sentem fracassadas porque não possuem nada daquilo.

O estudo realizado no Reino Unido também mostrou que, no caso dos jovens, o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente no sono, na autoimagem e aumenta o medo de jovens de ficar fora dos acontecimentos.

Cerca de 70% dos jovens revelaram que o aplicativo fez com que eles se sentissem pior em relação à própria autoimagem e, quando a fatia analisada são as meninas, esse número sobe para 90%.

Gente, a escritora Susan Anderson ressalta que nossa mente tem sido abalada pelas comparações que fazemos de forma inconsciente. Ninguém entra nas redes para ficar doente emocionalmente. Ninguém quer se sentir péssimo. Mas isso acontece se a nossa autoimagem não estiver bem resolvida e se não estivermos satisfeitos com a vida que temos.

Ela lembra que, “o engraçado da comparação, pelo menos em um contexto de mídia social, é que, independentemente do que você tem e independentemente de quão bem você o faça, ele nunca será adequado.”

Noutras palavras, por melhor que seja a sua vida, por mais incrível que seja o seu trabalho, você sempre vai encontrar nas redes algo que vai mexer com você e que você não vive e tampouco tem a chance de possuir.

Susan cita um exemplo bastante ilustrativo:

Você pode ter um ótimo trabalho, mas alguém desempregado pode postar fotos dele em uma trilha de bicicleta ou em um passeio pelo sudeste da Ásia. É como se essa pessoa, mesmo estando desempregada, tivesse toda a liberdade do mundo. Uma liberdade que você não possui. Você tem um plano de saúde, um plano de aposentadoria e um salário constante. Essa pessoa não, mas, naquele momento, você não pode deixar de pensar na liberdade que essa pessoa tem.

Quando você olha para as redes, “sua atenção vai para o que está faltando”. As redes revelam que você não tem o suficiente. E, infelizmente, essa é a mensagem que você mantém em sua mente quando se envolve em hábitos emocionalmente estressantes, como as mídias sociais.

As redes sociais podem ser bênção, quando você consome conteúdos que estimulam você a desenvolver a saúde física, emocional, espiritual. As redes podem ser bênção para promover o seu negócio, a sua carreira. Mas as redes também são um ambiente muito tóxico.

Por isso, é essencial usar com critério. As redes não podem ser usadas como distração. Um cérebro distraído é uma porta aberta para a entrada de todo tipo de estímulo. E o discurso que geralmente se impõe é este: a minha vida é uma droga!

Portanto, se você quer cuidar da saúde emocional, saiba de uma coisa: o consumo ingênuo de conteúdo das redes vai te afundar cada vez mais. A sensação que você vai ter todos os dias é que tudo o que você tem, tudo o que possui, tudo o que faz é pouco, muito pouco. Você vai ter a impressão que sua vida, sua família, suas conquistas são insuficientes, são nada diante do que acontece do outro lado da telinha.

Pegou a ideia?

Livre-se da desordem emocional mantendo uma atitude consciente, inclusive sobre como você alimenta suas emoções. Aja de forma a manter uma higiene emocional. Você precisa entender que tudo o que você capta, tudo o que olha, tudo o que lê, tudo tem efeito sobre o seu estado emocional.