A comunicação é necessária, mas não é nada fácil dialogar dentro do relacionamento

Você se sente confortável em conversar com o seu parceiro/a?

Deixa eu reformular a ideia: você consegue conversar sobre tudo com a pessoa que você ama? Você dá conta de falar a respeito de tudo, de expor tudo o que pensa, o que sente?

Ou será que tem coisas que você não consegue conversar com ele/a?

A gente sempre defende que a comunicação é essencial nos relacionamentos. E, de fato, é. Em quase todas as questões que discutimos a respeito da dinâmica dos relacionamentos, sustentamos a necessidade de uma boa comunicação para que a vida a dois funcione. Ou seja, se conversássemos mais, muita coisa seria resolvida, muitos problemas seriam evitados.

Porém, não é tão simples dialogar. Existe uma distância entre aquilo que deveria acontecer e o que realmente acontece. E não é porque a gente não sabe que precisa conversar; a maioria de nós, sabe. Quase todo mundo já ouviu alguma coisa sobre a importância do diálogo. E também penso que a maioria reconhece o valor do diálogo. Mas simplesmente não consegue colocar isso em prática.

E vou além… Alguns assuntos, inclusive, são tabus. A gente não quer se expor. A gente não quer falar e muito mesmo revelar – mesmo para a pessoa que amamos.

Nos sentimos desconfortáveis em tratar de alguns temas.

O filósofo Alain de Botton fala sobre isso quando discute a questão do sexo no casamento. Ele mostra que nos escondemos e evitamos falar sobre certas coisas que pensamos ou desejamos.

O filósofo destaca que, num casamento com cinco anos, dez anos ou mais, as pessoas não deveriam se sentir desconfortáveis em se expor. Mas não é isso o que acontece. De certa forma, temos receio da reação da outra pessoa.

Gente, precisamos ser realistas: o diálogo real, profundo, não é nada fácil.

A complexidade do diálogo nos relacionamentos humanos transcende a mera troca de palavras; essa dificuldade se enraíza nas vulnerabilidades, medos e, sobretudo, nos tabus que permeiam a intimidade humana.

Este tema reflete a nossa contínua luta entre a necessidade de conexão autêntica e o medo da exposição. A gente quer se conectar, mas se expor não é nada confortável.

Vivemos uma constante dança entre o desejo de sermos compreendidos e o receio de nos revelarmos por completo.

O desafio do diálogo nos relacionamentos amorosos reside não apenas na capacidade de falar, mas, crucialmente, na habilidade de ouvir.

A escuta ativa requer uma abertura para acolher o outro em sua totalidade, incluindo seus desejos mais profundos, medos e inseguranças, muitos dos quais se encontram velados sob camadas de constrangimento e vergonha.

É triste dizer isso, mas a verdade é que não temos, na casa da gente, um ambiente totalmente livre de julgamentos e tampouco com a empatia necessária para que haja acolhimento.

O diálogo pleno não acontece porque temos receio de que o outro não nos ame quando revelarmos nossas vulnerabilidades.

A dificuldade em abordar temas considerados tabus não acontece apenas por uma negligência na comunicação, por falta de vontade de compartilhar… A dificuldade ocorre por um temor profundo de julgamento, rejeição ou mesmo de não corresponder às expectativas do parceiro.

Aqui reside o desafio diário que enfrentamos no relacionamento: a verdadeira intimidade emerge da coragem de nos desnudarmos emocional e psicologicamente, enfrentando nossos próprios fantasmas para permitir que o outro nos veja como realmente somos.

Mas como fazer isto?

Ei, eu vou dizer algo pra você… Muita gente talvez não concorde, mas ainda assim eu preciso dizer: talvez você nunca consiga expressar ao seu parceiro/a tudo o que vai no seu coração.

Para que esse diálogo profundo, verdadeiro, aconteça de fato, o casal precisa a cada dia criar um ambiente de confiança, de acolhimento, livre de julgamentos. E isso depende de cada pessoa, individualmente.

Deve começar com você. Se você quer um espaço seguro para a comunicação, onde ambos se sintam apoiados para expressar suas verdadeiras necessidades, desejos e preocupações, você deve tentar oferecer este ambiente para o seu parceiro/a.

Não dá para esperar pelo outro.

Vai ter que haver disposição para que a outra pessoa se sinta totalmente livre para verbalizar tudo o que pensa… Essa intimidade total é fruto de um trabalho diário, contínuo e, por vezes, desgastante, porque, na prática, nem sempre estamos prontos para ouvir o que a outra pessoa tem a dizer.

Portanto, repito, para que o diálogo seja realmente livre e aberto, comece por você. Construa o cenário para que seu parceiro/a se sinta, de fato, “em casa”. Com o tempo, talvez vocês dois consigam aquilo que poucos conseguem: dialogar livremente, sem medo.

Desvendando o divórcio: Causas, estatísticas e conselhos para fortalecer seu relacionamento

Você já se perguntou o que realmente leva os casais ao divórcio?

Surpreendentemente, o dinheiro não é o principal culpado, como muitos imaginam. Hoje, vamos entender as verdadeiras razões por trás dos términos de relacionamentos.

Dados recentes do CDC dos Estados Unidos mostram um aumento nos divórcios, com quase 690.000 casos em 2021, um salto significativo em relação a 2020.

Uma pesquisa da Forbes Advisor destaca os principais motivos de discórdia entre casais – e que resulta em separações:

Carreira (46%)
Diferenças na criação dos filhos (43%)
Distribuição das tarefas domésticas (43%)
Relações familiares (39%)
Amizades (35%)
Questões financeiras (28%)
Problemas de saúde (9%)

Interessante notar que quase metade dos entrevistados apontou a carreira como o maior ponto de conflito, seguido de perto pelas diferenças na parentalidade.

Outra pesquisa que acessei sobre causas do divórcio (realizada pela Associação Espanhola de Advogados de Família) identifica outras razões para o fim dos casamentos: o desgaste emocional, problemas de comunicação, infidelidade, desafios econômicos e diferenças na educação dos filhos.

Essas informações são cruciais para entendermos como o divórcio afeta inúmeras vidas pelo mundo e para ajudar casais a tomarem decisões mais conscientes em seus relacionamentos.

Dicas para fortalecer seu relacionamento:

Comunicação Aberta: Mantenha as linhas de comunicação abertas e honestas. Falar sobre sentimentos, expectativas e frustrações é essencial.

Equilíbrio Trabalho-Vida: Procure um equilíbrio saudável entre sua carreira e sua vida pessoal.

Educação dos Filhos: Discuta e alinhe as abordagens de parentalidade. Respeite as diferenças e encontre um terreno comum.

Gestão Financeira Conjunta: Seja transparente e cooperativo nas questões financeiras.

Tempo de Qualidade Juntos: Dedique tempo para fortalecer o vínculo afetivo, compartilhando experiências e criando memórias positivas.

Lembrando que cada relacionamento é único, e o mais importante é encontrar o que funciona melhor para você e seu parceiro. Cultivar um relacionamento saudável e duradouro é uma jornada contínua, repleta de aprendizado, compreensão e, acima de tudo, amor.

Quatro coisas para fazer antes do divórcio. PODCAST

Não são raras as pessoas casadas que cogitam se divorciar. Muitas delas estão insatisfeitas, porém pouco têm feito para mudar a dinâmica do relacionamento. Por isso, se você tem pensado em se separar, sugiro quatro mudanças de comportamento e atitudes que devem fazer parte de sua vida, antes de romper seu casamento.

Dê o play para ouvir!

Por que tantos casamentos acabam em divórcio?

Você já se perguntou por que tantos casamentos acabam em divórcio? Muitas vezes, a resposta está na falta de cuidado com o amor.

O escritor Augusto Cury diz que quem acha que o amor dura para sempre e não se preocupa em cultivá-lo poderá se assustar quando seu parceiro perder o encanto e pedir o divórcio.

Será que você está cometendo esse erro?

Deixa eu te dizer uma coisa… A gente comete este erro sem querer cometê-lo. Às vezes, estamos tão ocupados, preocupados com tantos problemas… E aí a gente até sabe o que precisa fazer, mas não faz.

E não faz não por má vontade, por falta de interesse. Não faz porque a rotina toma todos os espaços da nossa vida e a gente acha que dá pra deixar pra depois.

Às vezes, a gente pensa: poxa, preciso tirar um tempinho toda semana pra dar uma saidinha com minha esposa. Mas aí vem os compromissos, a gente sempre chega cansado em casa e pensa: vou fazer isto na próxima semana.

Acontece que a próxima semana chega e nela encontramos os mesmos problemas de sempre: seguimos sem tempo e seguimos cansados.

E, detalhe: talvez seja só comigo, mas eu confesso que a cada semana parece que estou mais cansado. Acontece isso aí com você?

Gente, o amor é como uma plantinha que precisa de água, luz e adubo para crescer e florescer. Se você deixar de regar, de iluminar e de nutrir o seu amor, ele vai murchar e morrer.

A gente precisa cultivar o amor todos os dias, com gestos de carinho, respeito, admiração e gratidão. Esses são os ingredientes que mantêm o encanto e a paixão vivos.

Mas como fazer isso na prática? Como demonstrar ao seu parceiro que você ainda o ama e valoriza? Aqui vão algumas sugestões:

Elogie o seu parceiro sempre que possível. Reconheça as suas qualidades, os seus esforços, as suas conquistas. Mostre que você se orgulha de estar ao lado dele.

Surpreenda o seu parceiro com pequenos mimos. Pode ser um bilhete, uma flor, um chocolate, um abraço, um beijo. O importante é mostrar que você pensa nele e quer agradá-lo.

Reserve um tempo para conversar com o seu parceiro. Não é pra conversar sobre problemas. É importante discutir as dificuldades. Mas estou falando aqui de conversar… Conversar qualquer coisa. Às vezes, chego em casa e dona Rute está ansiosa. Ela quer contar as fofocas do trabalho, coisas que dizem respeito às pacientes dela… É isso, gente, conversar!

Outra coisa boa para valorizar o relacionamento… Faça coisas novas com o seu parceiro. Saia da rotina, explore novos lugares, experimente novas atividades, aprenda novas habilidades. Não precisa ser perfeito. É pra se divertir junto e criar novas memórias.

Cuide da sua aparência e da sua saúde. Não se descuide do seu corpo, da sua mente, da sua alma. Mantenha-se bem – cheiroso(a); alimente-se bem, durma bem, relaxe… Seja uma pessoa feliz e atraente.

Mais uma sugestão: seja menos implicante. Se você convive todos os dias com uma pessoa e todos os dias ela implica com tudo, isso vai cansando, desgastando. Tem coisas que, de fato, são importantes para manter a casa organizada, honrar os compromissos… Mas avalie se você não está exagerando com coisas pequenas.

Essas são apenas algumas ideias de como você pode cultivar e valorizar o seu casamento.

Lembre-se: o amor é uma escolha diária. Você precisa decidir todos os dias amar o seu parceiro e fazer dele a sua prioridade. Só assim você poderá evitar o divórcio e ter um casamento feliz e duradouro.

Idealizar o parceiro pode ser o primeiro passo para matar o relacionamento

Prefere ouvir? Dê o play!

O fracasso de muitos relacionamentos começa quando as pessoas idealizam o parceiro, a parceira.

A gente idealiza coisas. E relacionamentos também são construídos sob expectativas.

Expectativas estão em tudo. Antes, durante e depois do relacionamento. Sim, porque até quando o romance acaba, algumas reações são desejadas.

Antes de o relacionamento começar, muita coisa passa pela cabeça. A mente humana é incrível, criativa. E trabalha sob perspectivas reais e imaginárias. O mundo ao redor, relacionamentos conhecidos ou vividos apenas no cinema ou séries famosas dão cor e tom aos nossos desejos.

Pinta-se o sujeito ideal. A garota perfeita. O parceiro tem gestos previstos, tem palavras, discursos encantadores… Tem atitudes admiradas.

Na mente, a pessoa amada está pronta. Ela até tem defeitos, porque o cérebro avisa que todo mundo tem defeitos, mas os defeitos, em nossos sonhos, não incomodam. São silenciados pelo comportamento nobre, digno de alguém que sabe amar, que valoriza a pessoa amada.

Vez ou outra, a garota conhece alguém… E, de longe, vislumbra tudo que desejou. Ou, quem sabe, pelo menos pareça ser a resposta as suas preces.

– Dessa vez, não vou errar – diz ela.

Talvez ele seja bonito, tenha um ótimo papo… Cultive um humor capaz de tirar um sorriso mesmo em dias ruins.

Parece perfeito. A concretização das expectativas. É hora de se entregar.

Acontece que nem sempre tudo sai como previsto no script idealizado. Por vezes, as expectativas são frustradas. E o relacionamento dos sonhos torna-se só mais um na lista de decepções.

Às vezes, a pessoa por quem se apaixonou nem era das piores, mas as expectativas geradas eram tão grandes que, atendê-las, estava acima das possibilidades do outro.

Ao longo dos últimos 15 anos, já escrevi e falei sobre relacionamentos exigentes, sobre as chatices cotidianas… e até mesmo sobre a idealização do romance. Entretanto, noto que num tempo em que os compromissos são frágeis e as bases do relacionamento são egoístas, gente que ama de verdade é coisa rara.

Por isso, o coração sente-se solitário, vazio, infeliz… O envolvimento é superficial. E o amor não é praticado. Nas primeiras dificuldades, quando o príncipe vire sapo, quando a princesa vira “Fiona” (quem assistiu a animação Shrek vai entender), tudo perde a graça. Os defeitos ganham visibilidade e não demora para a pessoa dizer que o amor (que nunca existiu de fato) acabou.

Gente, acho as expectativas necessárias para que se tenha referências do tipo de relacionamento almejado. Mas idealizações nos afastam da realidade. Elas são o resultado dos nossos desejos, daquilo que a gente quer pra gente. Idealizações ignoram o outro e suas contradições, porque pessoas são falhas… E nos frustram, decepcionam e não dão conta de atender tudo que gostaríamos de ter na pessoa amada.

A verdadeira essência de um relacionamento real reside na aceitação das imperfeições do outro, uma realidade frequentemente ofuscada pelas narrativas de amor idealizadas que permeiam nossa sociedade.

Ao invés de buscar incessantemente uma fantasia, os parceiros deveriam aprender a valorizar a beleza da realidade, onde o amor não é apenas um sentimento, mas uma prática diária de compreensão e paciência.

Em um relacionamento genuíno, não se trata de encontrar a pessoa perfeita, mas sim de ver a perfeição na imperfeição, de crescer junto, de aceitar que cada um tem suas falhas e que isso não apenas é normal, mas também uma oportunidade de desenvolvimento mútuo.

Ao invés de nos lamentarmos pelas expectativas não atendidas, devemos refletir sobre o que cada experiência nos ensina sobre amor, respeito e compaixão. A aceitação do presente, a gratidão pelo que temos e a disposição para aprender com nossas experiências transformam a maneira como vivenciamos nossos relacionamentos.

Com isso, nos abrimos para amar de forma mais autêntica e significativa, deixando de lado as idealizações que apenas geram decepções e abrindo espaço para um amor verdadeiramente enriquecedor e real.

As indiretas no relacionamento: entenda por que não tem como funcionar

Você costuma dar indiretas? Você quer falar alguma coisa, mas não fala diretamente… Não diz com todas as palavras…

Você faz isso?

As indiretas até são um recurso de comunicação em alguns casos. Mas será que funciona no relacionamento?

Gente, nos relacionamentos amorosos, as indiretas quase sempre dão errado. Entenda por quê!

Assista o vídeo!

Mulheres querem ser ouvidas; homens, elogiados

Muito já se falou sobre as diferenças básicas entre homens e mulheres. Porém, uma coisa é falar das diferenças, outra é entender que elas realmente existem.

Afinal, basta observar os conflitos entre os casais e logo notamos que poucos conseguem compreender as diferenças. A maioria não reconhece determinadas atitudes ou carências do parceiro, da parceira. Muitas dessas atitudes nascem numa diferença entre os gêneros.

E hoje eu quero falar de um único aspecto envolvendo homens e mulheres… Ei, vou falar de uma dessas diferenças, ok?

Vamos lá?

Aqui comigo…

Mulheres querem ser ouvidas; homens, elogiados.

Poucas coisas tocam tanto o coração de uma mulher quanto a capacidade do parceiro de ouvi-la. E, detalhe, ouvir é muito diferente de tentar aconselhar, de tentar resolver os problemas dela.

Homens, por serem práticos, mal escutam a mulher falar de um problema, já interrompem e começam analisar a questão e a propor soluções. Socorro, hein?

Não é isso que a mulher espera; ela quer ser acolhida. Ouvir uma mulher é gastar tempo, abraçar, respeitar e incentivar. Se ela pedir um conselho, o homem até pode tentar ajudar. Porém, nunca como uma ordem. E em hipótese alguma… nunca fazendo com que ela se sinta inferior, incapaz.

Às vezes, nós homens, ainda que sem a intenção, menosprezamos o que a mulher está sentindo… Sugerimos que é coisa boba, fácil demais de resolver. Isso é tudo que uma mulher não precisa nessas horas… A mulher quer desabafar. Às vezes, não é preciso dizer nada… Só ouvir, concordar, deixá-la expressar o que sente. Depois, ela mesma encontra a resposta que deseja.

Já os homens querem elogios. Talvez seja uma insegurança não verbalizada, não consciente. Um negócio meio freudiano. Enfim… Mesmo em momentos de crise, um homem sente necessidade de ser visto como alguém capaz, como uma pessoa que supera as dificuldades.

Como o homem é um ser prático, ele quer ser visto pelo que faz, pela sua capacidade de realização. O homem é ação… O homem quer se mostrar forte. E a força dele se traduz no que ele é capaz de fazer.

Por isso, quando uma mulher quer agradar um homem, deve ser capaz de reparar o que ele faz. Pode ser o empenho na empresa, a responsabilidade com as contas de casa, o comprometimento na manutenção da família, o cuidado com o carro…

E, detalhe, se a mulher repara, pode apostar que ele vai tentar fazer ainda melhor. Ele escuta e vira um pavão. Aí que ele vai pra cima e tenta fazer ainda melhor.

Por isso, é fundamental valorizar as coisas que ele faz para casa, para a família, pelo relacionamento. Quando a mulher faz isso, tem um homem mais ativo, disposto. Se ela critica o que ele faz, vai ter um sujeito ainda pior em casa. E, detalhe, carente, se ganhar elogios fora de casa, vai ficar balançado por se sentir reconhecido por outra pessoa.

Pegou a ideia?

Ah… E vale o mesmo no caso da mulher. Uma mulher que encontra uma escuta atenta fora de casa, vai se sentir mais valorizada pelo homem que presta atenção nela.

Ei, embora esses dois pontos não expliquem toda complexidade das diferenças entre homens e mulheres, já sinalizam que o relacionamento pode ser mais simples quando reconhecemos que algumas características são peculiares a cada gênero.

E você pode aproveitar as orientações de hoje pra cuidar melhor do seu relacionamento.

Combinadinho?

Imagem de valeriabeltrami por Pixabay

Como manter o romance no casamento após a chegada dos filhos?

Se você já tem um tempo de casamento e tem filhos, certamente encarou um belo desafio para manter a dinâmica do relacionamento, para fazer as coisas funcionarem – como funcionavam antes de um pequeno serzinho chegar em casa.

Acho que a maioria casais que conheci, antes de terem filhos, disseram que fariam de tudo para nada mudar depois da chegada das crianças. Apesar da boa vontade e do esforço de muitos deles, desconheço quem não teve o relacionamento impactado pela presença do novo membro na família.

É fato que, antes da chegada dos filhos, a gente quer muito preservar o melhor do romance. A gente até acha que isso é possível. Mas não dá. A vida do casal muda. E muda muito.

Não estou dizendo que o romance esfria, que o amor acaba, que o sexo deixa de existir… Estou dizendo que a dinâmica do relacionamento é significativamente afetada.

Em alguns casos, o romance esfria sim, o sexo se torna raro e até o amor é abalado – claro, essas situações ocorrem com aqueles casais que não se preparam para a chegada dos filhos e que, surpreendidos pelas mudanças, não lidam de forma positiva com as novidades, ignorando a importância de seguir investindo no relacionamento. Mas essa é uma outra história e que podemos tratar numa outra ocasião.

Hoje, porém, quero compartilhar esta mensagem para que casais não sejam surpreendidos pelas mudanças e, com as mudanças trazidas pela chegada de uma criança, não sejam negativamente afetados na qualidade do relacionamento.

A primeira coisa que é destaco é que, sim, as mudanças ocorrem: a chegada de uma criança altera a rotina do casal. Antes mesmo do nascimento do bebê, muita energia já é gasta com preparativos (quarto, enxoval, consultas médicas etc.) e o desgaste físico da mulher também é bastante significativo.

A última etapa da gestação geralmente é difícil, cansativa. O pós-parto também não é dos mais fáceis. Algumas mulheres, inclusive, sofrem de depressão nesse período.

Esse cenário já seria suficiente para mudar a forma de viver a dois. Tudo que se vive nesse período inaugura uma nova fase, um capítulo novo. Quando a gente passa por algo muito intenso durante certo período de tempo, a história de nossa vida é alterada, ganha um novo rumo.

Entretanto, no caso dos filhos, as mudanças vão muito além disso. O bebê pede atenção. Mãe e pai precisam dedicar tempo, atenção, cuidado à criança. Isso rouba noites de sono, tempo… Nos primeiros meses, o cansaço é companheiro constante.

E, com o cansaço, humor é afetado.

Pela demanda de atenção requerida por uma criança, dificilmente o casal conseguirá fazer os mesmos programas, sair com a mesma frequência ou ter sexo com a mesma intensidade.

Acontece que, embora os olhares estejam voltados para a criança, ali estão duas pessoas, adultas, que também carecem de carinho, cuidado e, não menos importante, paixão. Não é o fato de se tornar pai ou mãe que faz um homem, uma mulher deixarem de desejar, de sentirem falta de um toque, de um abraço acolhedor e um tempo só para os dois.

Por isso, é preciso estar preparado para viver essa nova fase. Não necessariamente abrindo mão de viver o melhor de uma vida a dois, mas compreendendo que, muitas vezes, é preciso ter paciência, ser capaz de vez ou outra renunciar os próprios desejos em função de uma nova forma de vida em família.

Além disso, é fundamental não se acomodar, não “deixar a vida levar”. É fato que se torna necessário fazer certa “ginástica” para cuidar de si, cuidar do/a parceiro/a… Mas, com essa consciência, é possível não deixar a relação cair no lugar-comum de um casamento sem graça, acomodado e que se justifica apenas pelo fato de um dia ter dito “sim”, pelos “costumes” ou quem sabe pelos próprios filhos.

Imagem de serrano1004 por Pixabay 

Nenhum relacionamento é fácil

Claro, algumas pessoas são mais fáceis de conviver. Isso é fato. Porém, todo relacionamento implica em embates de gostos, preferências, sonhos… Existe uma disputa (que é saudável e necessária) negociada para que duas pessoas distintas funcionem como um casal. Qualquer coisa diferente disso sugere que não há relacionamento; há sim dominação-submissão.

O outro-objeto…

Muito se discute sobre os relacionamentos… Dicas de como manter a paixão, orientações sobre como dialogar com o outro… Tudo isso faz parte da pauta de assuntos disponibilizados aos casais. Eu mesmo tenho vários textos com conselhos que, na minha opinião, são bastante úteis.

Porém, uma coisa que falamos pouco é a respeito das dificuldades para manter um relacionamento estável.

Em primeiro lugar, eu diria que é preciso reconhecer a importância de permitir que as pessoas se separem, os avanços significativos ocorridos nos últimos tempos que asseguraram que as pessoas não fiquem com alguém que lhes faça mal. Por outro, é fundamental refletir sobre a fragilidade das relações. Porque, embora seja importante assegurar o direito à separação, também é necessário admitir que muitas rupturas acontecem em virtude da falta de comprometimento com a relação. E esta falta de comprometimento está diretamente ligada à postura de consumidores que adotamos, inclusive, nas relações humanas.

Sim, pessoas se tornaram objetos. Da mesma forma que trocamos o celular assim que ele já não atende mais nossas expectativas, trocamos pessoas que não mais nos satisfazem.

O mercado nos treinou muito bem para exercermos nosso poder de escolha. Aprendemos a observar todas as características que queremos de um produto. O produto deve nos servir, nos satisfazer. E o mercado ainda insiste que devemos sempre ter o melhor, porque ao ter o melhor produto, seremos felizes. A felicidade está diretamente relacionada aos benefícios oferecidos pelos produtos que consumimos.

Essa mesma lógica se repete nos relacionamentos. Hoje, conforme lembra o polonês Zigmund Bauman, é possível escolher seu futuro parceiro, sua futura parceira pela internet. A gente entra na web e segue os mesmos rituais da compra de qualquer outro produto. Observamos as características, os benefícios que o produto supostamente possui… E aí, compramos. Se não ficamos satisfeitos, usamos durante um tempo e logo descartamos.

É assim que agimos com as pessoas. É como se as pessoas estivessem disponíveis numa espécie de prateleira. O detalhe é que, na dinâmica dos relacionamentos, não apenas o outro é um objeto, eu também sou objeto. Porque da mesma forma que espero do outro uma série de qualidades, o outro espera que eu corresponda as suas expectativas.

E é claro que esse tipo de relação não vai dar certo. Porque pessoas são muito mais que produtos. Possuem sentimentos, vontades, desejos, expectativas e a incrível capacidade de mudança.

Num relacionamento, meu eu nunca poderá estar no comando. Sempre haverá necessidade de dividir, partilhar… É preciso se doar para fazer dar certo. Quando espero do outro o mesmo que espero de objetos, quando me relaciono com o outro com a disposição de trocá-lo assim que deixar de atender minhas expectativas, estou coisificando a relação e vivendo uma relação falsa, porque relacionamentos verdadeiros só acontecem quando há disposição para sorrir juntos, mas também para chorar, acolher, perdoar… recomeçar a cada novo dia – ainda que o outro já não preserve todas as características de quando o conheci.