De torcedores a cidadãos: a importância da razão na política

Você já se perguntou como suas emoções podem influenciar suas decisões políticas? Será que estamos escolhendo nossos representantes de maneira racional e consciente ou agindo como torcedores fanáticos? Hoje, convido você a refletir comigo sobre a importância do exercício da razão na prática política e como podemos romper com o comportamento passional.

A política não é um jogo de torcidas, mas um espaço de escolhas conscientes e responsáveis. É um domínio complexo que envolve escolhas conscientes e responsáveis.

O conceito de política remonta à Grécia Antiga, onde “política” – derivada da palavra grega “polis”, que se refere a cidade – era a arte de governar a cidade-estado. No diálogo “A República”, de Platão, a política é vista como um meio de alcançar a justiça, a harmonia e o bem comum. Aristóteles, outro filósofo grego, em sua obra “Política”, argumentou que o ser humano é um “animal político” (zoon politikon), inerentemente inclinado à vida em comunidade e à organização social.

Immanuel Kant, talvez o mais importante filósofo da modernidade, defendia a razão como base para a ação humana. Assim, agir racionalmente na política é agir eticamente e em busca do bem coletivo.

Cientistas sociais e psicólogos têm estudado extensivamente o papel das emoções e dos vieses cognitivos na tomada de decisões. Figuras eminentes como Max Weber, sociólogo alemão, e Daniel Kahneman, psicólogo que conquistou um Prêmio Nobel de Economia, ofereceram perspectivas importantes sobre esse tema, que são relevantes para a política.

Max Weber enfatizou o equilíbrio entre a ética da convicção e a ética da responsabilidade na tomada de decisões políticas. A ética da convicção se refere às crenças pessoais e emocionais, enquanto a ética da responsabilidade envolve a consideração pragmática das consequências de nossas ações. A tensão entre essas duas éticas, segundo Weber, é intrínseca à política e deve ser cuidadosamente gerenciada para evitar decisões impulsivas ou dogmáticas.

Daniel Kahneman, em sua obra “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, explica que os seres humanos têm duas formas distintas de processar informações. O ‘Sistema 1’ opera automaticamente e rapidamente, é instintivo, emocional, não pensa. Já o ‘Sistema 2’ é lento, porque demanda esforços mentais, incluindo cálculos complexos e escolhas deliberadas. Por isso, frequentemente, mesmo no que diz respeito à política, reagimos de forma passional – logo, como um torcedor, o que tem implicações profundas para a escolha de políticos.

Essas ideias nos lembram da importância de equilibrar nossas emoções e crenças pessoais com a consideração cuidadosa e racional das consequências de nossas decisões. Ao escolher nossos líderes políticos, precisamos estar cientes dos vieses cognitivos que podem afetar nosso julgamento e procurar tomar decisões informadas e responsáveis que levem em conta o bem-estar da sociedade como um todo.

Então, como cidadãos, devemos lembrar que nosso compromisso é com o bem de todos, e não com a defesa incondicional de um político ou partido. Se o político em quem votamos falhar, devemos estar dispostos a buscar alternativas melhores e manter o foco no bem coletivo.

John Stuart Mill, um importante filósofo, defendia o valor do debate e do confronto de ideias para o progresso humano. Então, que tal adotarmos uma postura mais aberta ao diálogo, disposta a ouvir opiniões diferentes e a reavaliar nossas escolhas quando necessário?

Em vez de nos comportarmos como torcedores apaixonados, é crucial mantermos uma postura crítica, racional e aberta ao diálogo na prática política. Dessa forma, estaremos contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e consciente.

Lembre-se: na política, o verdadeiro vencedor deve ser o povo. E, como ressalta Thomas Jefferson, “a educação é o primeiro refúgio de um povo que busca a liberdade”. Portanto, esteja sempre disposto a aprender, questionar e refletir sobre suas decisões políticas. Não seja um torcedor, seja um cidadão consciente e engajado.

Feliz a nação cujo Deus é o Senhor?

Quero compartilhar com você um trecho do Salmos 144. Na última parte do verso 15, que é o verso final, lemos:

“Como é feliz o povo cujo Deus é o Senhor!”

No Salmos 33, temos uma afirmação bastante parecida. A primeira parte do verso diz:

“Feliz a nação cujo Deus é o Senhor”.

Esses versos são lindos, não é verdade?

Mas, embora lindos, eles nos enganam. Sim, a leitura destes versos nos enganam.

Por certa precipitação, ausência de contexto ou leitura displicente, a gente pode entender tudo errado é achar que toda uma nação pode ser feliz. Para isso, bastaria declarar Deus como Senhor da nação. Com isso, Deus seria o Senhor do povo e a nação seria próspera, feliz, livre de problemas.

Também é um grande erro entender que um governante pode escolher que Deus será o Senhor da nação.

Na verdade, por mais que esse governante realmente tenha boas intenções, o governo, o Estado, não torna Deus o Senhor do povo. Não existe lei, não existe decreto que seja capaz de tornar Deus o Senhor do povo.

É um engano achar que um povo será feliz, próspero, livre de violência, da fome etc., porque alguém disse: este povo adora o Senhor!

E sabe por quê? Porque a adoração ao Senhor é individual.

Eu não posso escolher Deus como Senhor do Brasil; eu posso escolher Deus como Senhor da minha vida. E não posso impor isso à minha esposa, filhos, vizinhos etc.

Mas o equívoco na leitura desses versos vai além. No texto mais citado, o do Salmos 33, geralmente se ignora a continuidade do texto. O restante do verso 12 traz: “e o povo que Ele escolheu para lhe pertencer!

Ou seja, a citação refere-se a uma escolha feita por Deus, um povo a quem Deus teria escolhido pertencer. Considerando toda a narrativa bíblica, podemos entender que se refere ao fato de Deus ter escolhido Israel.

Entretanto, no livro de primeiro Samuel, capítulo 2, versículo 30, temos uma declaração do próprio Deus que ajuda a esclarecer que, embora Deus tenha escolhido Israel, Israel não escolheu a Deus. Por isso, mesmo com a nação de Israel, a relação deixa de ser com a nação e passa a ser com o indivíduo.

Vale lembrar que, desde a aliança com o patriarca Abraão, Deus havia escolhido um povo, o povo de Israel, para ser luz para as demais nações. E Deus era o governante real do povo. Israel não precisava de rei. Contudo, o povo vivia se desviando de Deus a ponto de querer um rei. Com isso, rejeitou o Senhor.

Então Deus declara:
‘Prometi à sua família e à linhagem de seu pai que ministrariam diante de mim para sempre’.

Havia uma promessa, mas ela é retificada por Deus, que declara: ‘Longe de mim tal coisa! Honrarei aqueles que me honram, mas aqueles que me desprezam serão tratados com desprezo’.

E aí: quem é honrado por Deus? Deus honra aqueles que o honram.

Ou seja, deixa de haver uma bênção específica para o povo de Israel. A bênção é individual; é para quem honra o Senhor.

Portanto, voltando aos textos “Como é feliz o povo cujo Deus é o Senhor!” e “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor”, se você os usa para pensar em sua pátria, lamento informar que está bastante equivocado.

Não basta um homem, não basta uma lei, não basta um slogan para colocar Deus em primeiro lugar. Isso seria impor uma crença às pessoas.

Tampouco essas medidas iriam assegurar uma bênção especial para toda a nação.

Deus só se torna o Senhor do povo quando TODO o povo escolhe, livremente, e por amor, honrar o Senhor.

Infelizmente, isso não acontece e não acontecerá.

Enquanto vivermos neste mundo de pecado, cada um de nós pode escolher o seu caminho. E viver do seu jeito. Essa é a liberdade que Deus concedeu a todos nós.

Mas como então podemos entender a declaração de Davi de que é feliz o povo cujo Deus é o Senhor?

Porque se um povo, um povo que pode ser a minha família, que podem ser as pessoas da minha empresa, que podem ser as pessoas da minha igreja… Se um povo escolhe Deus como Senhor, este povo é realmente feliz.

É feliz porque não existe contenda, não existe confusão, não existe violência e nem ameaças, não existe gente querendo puxar o tapete do outro, não existe inveja, não existe ninguém falando mal um do outro… Existe amor neste povo.

Um povo que escolhe Deus como Senhor é um povo que ama. É um povo que acolhe, perdoa, abençoa… Um povo que vive assim é um povo feliz.

Meu amigo, minha amiga, seja você a pessoa que escolhe Deus como Senhor. Viva como alguém que tem Deus como Senhor de sua vida.

Contagie o ambiente com o amor do Senhor e você verá outras pessoas escolhendo Deus, elegendo Deus como Senhor.

Quem sabe aí no seu grupo, na sua comunidade, você tenha um povo feliz, porque escolheu Deus como Senhor.

Bolsonaro precisa compreender o papel do líder

As últimas declarações de Jair Bolsonaro começam a indicar que existe certa diferença entre a retórica usada para vencer as eleições e o que, de fato, o presidente eleito pensa.

Entretanto, há algo nocivo na retórica que foi usada: a agressividade verbal do então candidato – e, principalmente, do que ele disse em situações passadas durante o exercício de seus mandatos parlamentares – funcionou como uma espécie de despertar do que existe de mais cruel em algumas pessoas.

Não são muitos os casos, mas são visíveis os episódios de violência verbal e até física de seguidores de Bolsonaro.

Já tivemos o registro de pessoas agredidas e até mortas, gente mostrando armas na internet, declarações homofóbicas e até ameaças contra gays, inclusive dentro de escolas e universidades.

Não, eu não acredito que o presidente eleito aprovaria qualquer uma dessas práticas. Também rejeito a ideia de que os mais de 57 milhões de eleitores que votaram nele são fascistas, são preconceituosos, intolerantes, violentos.

Porém, existe sim uma parcela da sociedade – pequena, penso – que, ao ouvir Bolsonaro, sentiu-se autorizada a manifestar todo o tipo de sentimento ruim e vontade de agredir, violentar, matar.

Essas pessoas nunca foram boas, amáveis, pacientes, tolerantes… Na verdade, o ódio contra o diferente, o desejo de eliminar quem não se encaixa nos padrões delas, esses sentimentos ruins sempre existiram nelas.

No entanto, o discurso do respeito, o cuidado com as minorias, o peso da legislação funcionaram como instrumentos de vigilância. Essas pessoas eram como cães raivosos, presos e sob o cuidado de um adestrador forte que pune os excessos.

As falas de Bolsonaro, porém, mexeram com essas pessoas, que começaram a vislumbrar a chance de verbalizar e até praticar tudo que estava reprimido (os cães raivosos acreditaram que seriam libertados).

O que acontece agora? O presidente eleito terá que demonstrar que vai trabalhar para impedir toda e qualquer ação de violência verbal ou física contra os grupos que correm mais riscos.

Diferente do que fez no passado, Bolsonaro necessita compreender qual o papel do líder. O bom líder acalma, modera, inspira sentimentos positivos em seus seguidores. Todo líder traz consigo uma massa de pessoas que nem sempre pensa por elas mesmas. São influenciadas pelas atitudes de quem está à frente delas.

O presidente deve entender que, se deseja construir uma nação unida e fazer nossa gente feliz (como tem prometido), deverá ser o líder que o Brasil precisa, um homem capaz de dar exemplo, inspirando boas atitudes.

Com a vitória de Bolsonaro, o Brasil espera ter um novo começo

O Brasil começa a viver um novo momento político. Com a vitória de Jair Bolsonaro à presidência da República, há a expectativa da escrita de um capítulo distinto em nossa história.

Neste sentido, há certa semelhança com o que ocorreu em 1985, 1989 e 2002.

Em 1985, tínhamos a reabertura democrática, com a eleição indireta de Tancredo Neves. Em 1989, depois de quase 30 anos sem escolhermos um presidente, os brasileiros elegeram Fernando Collor. Já em 2002, o país optava por Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro presidente operário, alguém que parecia efetivamente identificado com o povo.

Nesses três momentos históricos, havia muita expectativa. Tratava-se de uma espécie de ruptura com um modelo de governo que havia se esgotado. Tinha-se o sentimento de poderíamos começar tudo de novo. Havia também um gostinho de “agora vai!!”.

Não sei se esse “agora vai” está presente no sentimento do nosso povo após a eleição deste ano. Porém, é certo que a vitória de Bolsonaro foi construída em função de uma enorme insatisfação com tudo que o país vem vivendo nos últimos anos.

Quem observou atentamente as manifestações de 2013 percebeu que a paciência das pessoas já estava se esgotando. Mas a classe política parece ter achado que seria fácil acalmar as pessoas.

A aposta no impeachment de Dilma foi uma estratégia da elite política do país para retomar o controle do povo. Entretanto, estes pouco mais de dois anos de (des)governo Michel Temer ajudaram a confirmar que as práticas políticas eram as mesmas de sempre. E a população também não poderia acreditar nos partidos tradicionais, principais responsáveis pela queda do PT – entre eles, o PSDB, que durante anos foi o maior opositor de Lula e Dilma.

Bolsonaro, embora tenha feito carreira ao lado de muitos políticos conhecidos, mantendo-se filiado a partidos que transitam pelo poder há anos, como é o caso do PP, o agora presidente eleito nunca foi efetivamente do alto clero da Câmara Federal, tampouco teve prestígio e poder nas máquinas administrativas.

O novo presidente, com isso, conseguiu manter sua imagem descolada das tradições políticas e se firmou como personagem que se opõe a tudo que Brasília tem representado ao longo das últimas décadas.

Ele será, de fato, o que seus mais de 57 milhões de eleitores esperam? Talvez não. Mas, para muita gente, já terá sido significativa a vitória de Bolsonaro por ter impedido o retorno do PT.

Falta de planejamento compromete o futuro do Brasil

Nenhum país muda sem ter um planejamento de futuro. Trocar deputados, senadores, governadores e presidente da República pode até ajudar na reformulação de determinadas práticas, inclusive com novas políticas públicas. Mas não ocorrerão avanços significativos.

Fazer planejamento tem a ver com a cultura de um povo. Não é da cultura do brasileiro planejar. A gente não faz isso na casa da gente. Não faz na empresabasta notar a quantidade de empresas que fecham por não ter pensado todas as estratégias de curto, médio e longo prazos. E a gente não faz planejamento na política.

A Coreia do Sul há pouco mais de 60 anos era um território arrasado pela guerra. Um país pobre.

Muita gente atribui o sucesso econômico e científico da Coreia ao investimento na educação. É verdade que a educação fez e ainda faz a diferença por lá. Porém, a educação não foi a chave do sucesso. O segredo da Coreia do Sul foi planejamento. A educação fez parte das estratégias utilizadas para colocar o país na rota do desenvolvimento econômico e científico.

No Brasil, não damos valor a isso. A ausência de uma cultura de planejamento faz com que as ações iniciadas num governo sejam interrompidas no outro. Cada político pensa no seu mandato e em medidas que possam lhe render capital político, votos. Um governo inicia um programa de incentivo ao ensino superior, financiando bolsas de estudo… Um novo governo reduz a verba para o programa e dá início a outra ideia.

Um prefeito começa uma obra, não consegue concluí-la e, quando outro é eleito, entende que existem coisas mais urgentes e a obra fica parada.

Políticas precisam ser pensadas não para estancar um problema agora, mas para criar uma condição de vida melhor para as pessoas daqui a 20, 30… 50 anos.

Com uma mentalidade de planejamento, as pessoas compreenderiam que não existem soluções mágicas. É preciso muito trabalho, esforço, disciplina e tempo para dar conta de demandas históricas.

A Coreia do Sul não se tornou uma potência tecnológica, uma força na indústria automobilística mundial de um dia para o outro. Os resultados começaram a aparecer depois de quase 40 anos.

Mas veja só… O Brasil nunca foi arrasado por uma guerra, nunca sofreu com grandes catástrofes naturais, mas não sai do lugar. Nossos problemas de hoje não são diferentes dos problemas que tínhamos no passado. A gente sonha com o Brasil do futuro, mas o futuro nunca chega… E não chega porque a gente não planeja o futuro.

Isso só reforça o que estou dizendo: não existe um messias político para colocar o país nos trilhos. Se não houver uma mudança de mentalidade, a criação de uma nova cultura, a gente pode ter uma certeza: tudo vai continuar dando errado.

De que tipo é o preconceito do brasileiro?

Do mais contextualizado, diversificado e complexo. Talvez em nenhum outro país do mundo, seja tão difícil identificar contra quais grupos de pessoas existem reações e tratamentos negativos, depreciativos.

A ideia de que o Brasil é resultado da miscigenação, da mistura entre brancos, negros e índios, acaba por esconder nossos preconceitos.

A impressão que se tem é que somos um povo misturado. E se somos misturados, todos são aceitos igualmente.

Mas, na prática, não é isso que acontece.

Há um preconceito velado, silencioso, muito mais nocivo que aquele aberto, conhecido e reconhecido por todos.

No Brasil, entre os extremos branco rico e preto pobre, existem outras tantas hierarquias que motivam atitudes, comportamentos preconceituosos.

Por aqui, chega-se ao ponto da pessoa que não tem a pele totalmente preta colocar-se numa condição de “não sou negro”.

Essas gradações múltiplas resultam numa sociedade em que o combate aos preconceitos é muito mais difícil, porque, de certo modo, todo mundo tem algum preconceito contra alguém ou um grupo de pessoas.

Não se trata apenas do negro. Por aqui, é o branco em relação ao pobre… O pobre em relação à pessoa gorda… A pessoa gorda em relação ao homossexual… O homossexual em relação ao religioso… O religioso cristão em relação ao espírita… O acadêmico em relação ao que abandonou os estudos…

A lista é ampla e assustadora.

A legislação não dá conta de contemplar todas as dinâmicas que funcionam na sociedade.

E isso só reforça a tese do quanto nós, brasileiros, precisamos crescer como humanos na busca de um olhar justo e respeitoso em relação a todas as pessoas.

O destino do Brasil está em nossas mãos

Estão definidas as candidaturas à presidência da República. São 14 nomes. Provavelmente, serão 13, porque Manuela D´Ávila, do PCdoB, deverá retirar a candidatura e apoiar o PT.

Desde 1989, não temos tantos nomes concorrendo ao Planalto. Desde 1989, não temos uma eleição com tantas pessoas preparadas para ocupar a presidência.

Sim, é isso mesmo. Por mais que a gente diga que não sabe em quem votar, que faltam opções… Teremos uma disputa que reunirá alguns dos políticos mais preparados para comandar o Brasil.

É fato que pode-se questionar alguns valores éticos, morais e, principalmente, o posicionamento ideológico deles. Porém, temos na disputa gente que tem trajetória no parlamento, governos, ministérios… Alguns, inclusive, com passado de bastante sucesso por onde passaram. Já demonstraram competência.

E isso significa uma única coisa: o futuro do país está nas nossas mãos. Podemos escolher mal de novo, optar por algum aventureiro, algum um salvador da pátria… Ou podemos observar o passado, realizações, eficiência nos cargos já ocupados e votar em um candidato que pode dar conta de administrar bem a máquina pública.

Há quase cinco anos, o país entrou na maior crise de sua história. Deixamos de crescer e todos os indicadores econômicos e sociais são negativos. Nenhum dos eleitos fará milagre. Entretanto, alguém com capacidade administrativa poderá dar conta de arrumar a casa e, ao final de quatro anos, deixar o governo em condições de fazer o Brasil voltar a sonhar em ser grande no cenário internacional.

A decisão está em nossas mãos.

Medo do desemprego é o maior em 22 anos

A CNI, Confederação Nacional da Indústria, apresenta, mensalmente, um indicador que mede o medo do desemprego no país. E esse indicador atingiu um índice recorde, o maior em 22 anos. O nível de insegurança do trabalhador subiu 4,2 pontos e atingiu 67,9 pontos – um recorde.

A insegurança aumentou principalmente entre os homens. Para eles, o medo de perder o emprego subiu 5,6 pontos, contra uma alta 2,8 para as mulheres.

O maior receio entre os homens é justificado. Num país em que a cultura ainda é de um homem-provedor, aquele que coloca comida na mesa, estar desempregado significa expor a família a riscos.

O medo do desemprego é maior entre os trabalhadores do Nordeste brasileiro, mas também atinge os jovens com idade de 16 e 24 anos e afeta mais aqueles que ganham até um salário mínimo.

Esse índice recorde no indicador medido pela CNI se deve à falta de confiança na retomada econômica. O Brasil está há cinco anos passando por momentos muito difíceis na economia. Neste período, foram três anos de recessão, um crescimento medíocre em 2017 e, 2018, deve repetir o cenário do ano passado.

Michel Temer assumiu a presidência com o discurso de que tinha a receita para colocar o Brasil na rota do crescimento. Promoveu reformas importantes, mas acabou engolido pela naturalização na corrupção no seu governo, incompetência na gestão de crises, como a recente paralisação dos caminhoneiros – características que, em síntese, tiram toda credibilidade, tão necessária para o bom funcionamento da gestão pública e confiança dos investidores.

Podcast da Band News. 

O excludente sistema de educação

Sustento a necessidade de debates profundos sobre o Brasil, porque a política do imediatismo e do discurso fácil tem nos tornado um povo sem perspectivas de desenvolvimento efetivo.

Por exemplo, números da educação revelam que de cada 100 crianças que entram na escola:
– 65 terminam o ensino médio;
– 18 concluem o e.m. sabendo Português adequadamente;
– 5 aprendem matemática como deveriam;
– 7 entram na faculdade.

Os números são pífios. Mostram que o sistema educacional brasileiro é uma máquina de excluir pessoas e tem falhas profundas que resultam em deficiências no aprendizado.

O fracasso do modelo pode ser notado já nos primeiros anos. A Avaliação Nacional de Alfabetização mostrou que 55% dos alunos do terceiro ano do ensino fundamental não têm aprendizado adequado de leitura.

É este cenário que faz do Brasil, o quinto maior país do planeta, oitava economia do mundo, ser apenas o 80o mais competitivo, conforme o Fórum Econômico Mundial.

Sustentabilidade: o Brasil precisa passar do discurso à prática

FOTO: LAURENT REBOURS (AP) - REPRODUÇÃO DE EL PAÍS
FOTO: LAURENT REBOURS (AP) – REPRODUÇÃO DE EL PAÍS

Quando o assunto é mobilidade urbana, o Brasil segue muito atrasado. O incentivo ao uso dos carros passa, inclusive, pelo próprio poder público. As cidades são pensadas para privilegiar os veículos. E, recentemente, durante a política de redução de impostos promovida pelo governo para não permitir o desaquecimento da economia, o setor automobilístico foi um dos mais beneficiados.

Enquanto isso, na Europa, os carros ganham status de vilões do meio ambiente. Todo projeto de sustentabilidade que se discute por lá prevê menos veículos nas ruas (por aqui, o povo briga quando são reduzidas vagas de estacionamento pra carro e ninguém luta por bicicletários). A França, por exemplo, está muito empenhada em fazer uma transição energética. Não se tratam de projetos pontuais, mas sim para toda a nação. O governo de François Hollande está determinado em viabilizar a proposta e já recebeu sinal verde do Legislativo francês para promover uma grande mudança no país.

A lei em discussão prevê medidas de curto, médio e longo prazo. A meta é tornar a França campeã ecológica na Europa até 2050. Entre as principais medidas estão incentivos para as empresas que motivarem os funcionários a usar bicicletas. Cada quilômetro rodado de magrela vira dinheiro no bolso do trabalhador. E a empresa ganha benefícios fiscais.

Além disso, as companhias com mais de 100 funcionários deverão apresentar um plano de transporte para sua equipe envolvendo transporte coletivo, carros compartilhados e uso das bicicletas.

Paris é a cidade mais empenhada no projeto. A capital ganha cada vez mais espaços para os veículos de duas rodas. Também estão sendo instaladas milhares de “tomadas” para atender veículos elétricos.

O francês que for trocar o carro a diesel por um elétrico também ganha uma espécie de prêmio – bônus. E o poder público também faz sua parte. Na renovação da frota, para cada dois veículos comprados, um deve ser elétrico.

Entretanto, o “pacote ecológico” não tem apenas medidas visando reduzir a poluição e melhorar o trânsito. Também saem de cena as sacolas plásticas descartáveis, os pratos e talheres do mesmo material. E como o objetivo é promover uma transição na matriz energética, edifícios devem ser reformados visando reduzir o consumo de energia de lâmpadas e equipamentos de ar condicionado. Quem for fazer a reforma, recebe incentivos fiscais e pode fazer empréstimos com juros subsidiados.

Coisa boa, né? Pois bem… É desse tipo de avanço que a gente precisa. No Brasil, um debate político sério também deveria contemplar projetos ambiciosos dessa natureza. Entretanto, por aqui, nossos supostos representantes ainda carecem de maturidade para fazer o enfrentamento de temas mais complexos. E a sociedade, por sua vez, está acomodada e é só quer saber de mudanças que, na verdade, não mudam nada.