Está na edição de hoje do jornal O Globo…
Um grupo de mulheres indianas que se autodenomina gulabi gang, ou a gangue rosa, está fazendo justiça com as próprias mãos na empobrecida região de Banda, no norte da Índia.
Dois anos após ter surgido como um grupo organizado, com nome e indumentária característicos, a gangue já deu surras em homens que abandonaram ou bateram em suas mulheres e denunciou práticas corruptas na distribuição de comida para os pobres.
Elas vestem sáris cor-de-rosa (o sári é a roupa tradicional feminina na Índia), saem em perseguição de autoridades corruptas e, quando necessário, se armam com varas e machados.
“Ninguém nos ajuda nessas redondezas. As autoridades e a polícia são corruptas e são contra os pobres. Então, às vezes temos de fazer justiça com as nossas mãos. Em outras situações, preferimos envergonhar os malfeitores”, explica a líder do grupo Sampat Pal Devi.
O fardo da pobreza e da discriminação, em uma sociedade baseada em castas e dominada pelos homens, acaba pesando mais sobre as mulheres. Pedidos de dotes, violência doméstica e sexual são comuns.
Por isso, a líder Sampat Pal Devi, afirma:
“Não somos uma gangue no sentido comum da palavra. Somos uma gangue pela justiça.”
O grupo também não se considera feminista. As mulheres dizem que já devolveram 11 meninas que foram expulsas de casa aos maridos porque “mulheres precisam de homens para viver junto”.
É por isso que homens como Jai Prakash Shivhari também se aliaram à gangue e discutem com veemência temas como casamento infantil, mortes associadas a dotes, falta d’água, subsídios agrícolas e desvio de verbas em obras do governo.