Devemos ter cuidado com o que falamos

Tem um provérbio que diz:

No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente.

Meu avô já dizia que “quem fala demais dá bom dia a cavalo”. Esse é um ditado antigo e que está em plena sintonia com o provérbio de Salomão… Meu avô seguia à risca a verdade contida nesse ditado. Ele falava muito pouco. Talvez por isso nunca vi meu avô se metendo em confusão, nem o vi falando mal de outras pessoas. Acho que esse modo de vida inspirou meu pai e, de algum modo, também me deixou ensinamentos importantes sobre o cuidado com o que falamos.

No provérbio que citei, o sábio Salomão ressalta que quando a gente fala demais, a gente acaba falando o que não deve. Quando falamos demais, com frequência, nos condenamos. Nossos preconceitos são verbalizados, nossas inseguranças, nossas falhas de caráter são reveladas. E como todos nós temos defeitos, esses defeitos se tornam ainda mais evidentes.

Por isso, Salomão recomenda que moderemos nossos lábios. Em outras palavras, Salomão está dizendo: “filho, fale menos”. Falar menos é sinal de prudência. Falar menos é sinal de sabedoria. Quando falamos menos, temos mais tempo para refletir sobre o que vem a nossa mente. Os pensamentos amadurecem e temos oportunidade de avaliar se é necessário verbalizar, se não é o caso de guardar o que falaríamos apenas pra nós mesmos.

Tenho dito que as redes sociais são um espaço importante para o debate dos mais diferentes assuntos. Porém, a facilidade com que temos acesso à internet, tem motivado muita gente a falar sem pensar nas consequências de sua fala. A pessoa fala/escreve, publica no calor da emoção. E aí o que diz acaba, muitas vezes, trazendo problemas que seriam evitados se tivesse permanecido em silêncio.

Portanto, em qualquer situação, cuidar do que falamos, moderar nossas palavras, silenciar muitas de nossas palavras são atitudes prudentes e que certamente ajudam a preservar nossa imagem e, principalmente, o relacionamento com outras pessoas.

Sobreviveremos aos robôs?

Um estudo realizado pela Consultoria McKinsey apontou que pelo menos 50% dos postos de trabalho no Brasil poderiam ser automatizados. Em outras palavras, metade dos atuais trabalhadores brasileiros seriam substituídos por máquinas. Na prática, isso significa que quase 54 milhões de pessoas perderiam seus empregos.

Claro, esse volume todo não é pra amanhã. Mas é um processo que começou há bastante tempo, tem ocorrido de maneira significativa e vai ser cada vez mais sentido. O estudo projeta que a automatização vai acontecer de maneira mais acentuada entre os anos de 2036 e 2066. Metade dessas substituições deve ocorrer nesse intervalo de 30 anos.

O fenômeno não acontece apenas no Brasil. Trata-se de uma tendência mundial. Porém, em países em que a mão de obra é menos qualificada, a troca de trabalhadores por robôs é mais expressiva (China, Índia e Brasil, por exemplo). Países europeus, por exemplo, sofrerão (e sofrem) menos.

No Brasil, o setor mais afetado é o da indústria. Sete de cada 10 empregos na indústria deverão deixar de existir. Mas a automatização também vai alcançar o comércio, cargos administrativos, a construção civil, agricultura, transporte, saúde etc. Provavelmente, vão se salvar legisladores, psiquiatras…

No mundo, a automatização deverá atingir 1 bilhão e 200 milhões de empregos. Isso significa metade de todos os postos de trabalho do planeta.

Substituir gente por robôs representa basicamente duas coisas: redução de custos de produção e aumento do volume de produção.

A gente pode espernear, reclamar, mas essa é uma situação inevitável.

E o que serão dos trabalhadores? Não sei! Estudiosos apontam que as tecnologias que fecham postos de trabalho abrem outros. Sinceramente, tenho dúvidas. Até acredito que novos empregos serão gerados – isso já tem acontecido. Porém, sei também que essas vagas não são suficientes para atender todo esse contingente de pessoas que ficarão sem emprego.

Tenho ainda outra dúvida: se as pessoas perderem seus empregos por causa das máquinas, como consumirão os produtos produzidos pelos robôs? Ou seja, de que adianta as máquinas produzirem mais se há risco de termos menos consumidores?

Duas coisas são certas: primeira, a desigualdade social tende a se acentuar (afinal, trabalhadores especializados, em setores estratégicos, dificilmente serão substituídos e, consequentemente, terão rendimentos maiores – enquanto isso, muita gente terá que sobreviver com trabalhos precários). Segunda, há urgente necessidade de os países mais pobres se preocuparem com a educação da população para fazer frente a automatização (só gente qualificada, preparada para o “novo mundo” dará conta de sobreviver às máquinas).

Pais, conversem com seus filhos!

Quase todos os dias vejo sinais do quanto os pais estão afastados da vida de seus filhos. Ainda esta semana, estava com minha filha e com a Rute num restaurante da cidade e, na mesa ao lado, tinha uma mulher com a filha. A garota era adolescente. Talvez uns 16, 17 anos. Todo o tempo que estiveram ali, ao lado, não trocaram uma única palavra. E durante boa parte do almoço, essa mãe mexia no celular. Dava pra notar que escrevia, mas também que apenas espiava mensagens, fotos… Elas pareciam duas pessoas estranhas. Não havia intimidade alguma entre mãe e filha.

Bom, eu não as conheço. Não sei quem são. Talvez tenha sido apenas um dia difícil para aquela mãe. Talvez estavam chateadas uma com a outra. Coisas que acontecem, né? Ainda assim, a ausência de diálogo entre as pessoas de uma mesma família é algo assustador. Muitos pais desconhecem seus filhos. E desconhecem por certa negligência. Falta disposição principalmente para dialogar.

E, sabe, não é fácil conversar com os filhos. Às vezes, o embate é desgastante. Ainda dias atrás, para conseguir tratar de um assunto com minha filha, ficamos até duas horas da manhã numa embate de ideias. E digo embate porque há momentos de tensão, de discordância. Admito que nessas horas parece mais fácil gritar, dizer que “quem manda sou eu”, fechar a porta e sair de cena. Mas o que ganhamos com isso? Nada.

Apesar de discordarmos muitas vezes, minha filha e eu conversamos sobre tudo. Isso acontece porque, apesar de em algumas ocasiões ficarmos irritados um com o outro, nós não fugimos do diálogo. Tem horas que machuca, ofende… Porém, essa é uma relação normal. Necessária! O que não podemos pra fazer é abrirmos mão de dialogar com nossos filhos.

Eu sei que muitas vezes estamos cansados… Que tudo que a gente quer é dar um tempo nos problemas. Mas, com nossos filhos, não dá pra deixar pra depois. Deixar pra depois significa perder oportunidades, abrir mão de uma relação plena, verdadeira com nossos filhos.

Educar dá trabalho? Claro que sim. É a tarefa mais difícil da vida da gente. Mais que qualquer carreira, mais que qualquer estudo, mais que qualquer empreendimento. Entretanto, a mais importante.

Se você ignora as ansiedades de seu filho, estará abrindo mão de ajudá-lo a ser uma pessoa feliz. E posso assegurar: nenhuma realização profissional, acadêmica, compensa as lágrimas de filhos que se sentem perdidos na vida.