Diariamente, recebo nas minhas redes pessoais inúmeros textos, vídeos, áudios com conteúdos políticos. Não abro nenhum. Quer dizer, em alguns casos, até espio pra ver a fonte, de onde veio, quem produziu… Se trata-se de um material informativo elaborado por empresas sérias, idôneas, e o tema me interessa, até dou uma espiada. Mas, como regra, descarto o material que vem pelo whatsapp, messenger, email, vídeos do Youtube…
E faço isso por uma razão: o conteúdo que circula inbox nas redes pessoais frequentemente sofreu algum tipo distorção. Pode até ser humorístico – um meme, por exemplo -, mas a chance de apresentar uma versão verossímil é quase nula.
Infelizmente, eu sou a exceção. A regra, hoje, é o consumo de conteúdos pelos aplicativos. Com isso, as pessoas pautam seus argumentos e decisões baseadas em conteúdos duvidosos. E é impressionante como algumas dessas pseudo-informações são capazes de fazer com que a gente duvide até do que assiste ou vê num canal sério.
Ainda ontem, tive que assistir de novo a sabatina feita pela equipe da Isto É com a então pré-candidata à presidência, Manuela D´Avila, em junho deste ano. O que ela falou na entrevista não repercutiu na época. Porém, há cerca de 30 dias, um trecho editado de uma fala da Manuela circula nas redes para sustentar a tese de que a agora candidata a vice na chapa do PT se declara não cristã.
Eu precisei assistir de novo porque até eu estava duvidando do que tinha entendido. Quase comprei a versão editada e mentirosa. Assisti duas vezes para ter a certeza que minhas conclusões não estavam erradas e a fala da candidata, de fato, havia sido distorcida.
Pois é… O fenômeno que vem sendo chamado de pós-verdade tem esse efeito: relativiza a verdade e banaliza a mentira. Esses conteúdos em vídeo, texto ou memes provocam uma desordem na opinião pública. A objetividade dos fatos se perde em meio ao discurso emocional, que nos pega em nossas fragilidades. O medo, o preconceito, a vitimização, a hostilidade são técnicas eficazes de persuasão.
Afetados por esse universo pseudo-informativo, perdemos o rigor, a capacidade de racionalizarmos, ficamos cegos. Chegamos ao ponto de, mesmo diante dos fatos, preferirmos acreditar na versão distorcida. Parece que ela é mais confortável, melhor que a própria verdade.
Lamentável que seja assim.