Nas relações sociais, as pessoas geralmente não se sentem confortáveis diante de gente que pareça superior intelectualmente. Quase sempre, lidamos bem com a hierarquia nas organizações, mas admitir que o colega do lado é mais inteligente que nós não é algo que agrada.
A ideia de inteligência, da capacidade intelectual, é importante para a vaidade da maioria de nós.
Menosprezar a capacidade intelectual de uma pessoa é um poderoso insulto, uma das formas mais dolorosas de agressão.
Ninguém gosta de ser visto como bronco, tolo, idiota, burro.
E quando alguém desfila inteligência, posando de superior intelectualmente, a reação raramente é de reconhecimento de que o outro está acima de nós. Frequentemente, a sensação é quase insuportável e não faltam justificativas para minimizar as vantagens do outro…
É comum dizer: “ele teve mais oportunidade de estudar”; ou, “ele até pode saber muito sobre esse assunto, mas é um tonto quando se trata de tal coisa”… Noutras ocasiões, tenta-se invalidar o conhecimento que apresenta, questioná-lo e bloquear a relação com o outro.
Essas reações são compreensíveis. Afinal, nem todo mundo teve e tem as mesmas oportunidades de estudo; ninguém é especialista em tudo; as condições sociais e econômicas são variáveis importantes para a aquisição e desenvolvimento do conhecimento.
Entretanto, também é fato que existe uma hierarquia nos conhecimentos. Há pessoas mais inteligentes que outras, mais espertas, mais sagazes.
Acontece que a capacidade de pensar, de supostamente ser dono das próprias ideias, é talvez o único patrimônio individual. Por isso, é agressiva a posição daqueles que desfilam superioridade intelectual diante das demais pessoas.
Soa como arrogância, prepotência.
E sabe de uma coisa? Essa é uma das razões dos embates políticos entre as pessoas. As pessoas não querem se sentir tolas por terem escolhido um determinado político.
Quando alguém lhe mostra, racionalmente, que determinada posição é equivocada, os argumentos são ouvidos como uma forma de agressão intelectual. É como se a outra pessoa a estivesse humilhando, rebaixando-a. Deixa de ter a ver com o político; passa a ser pessoal.
Por isso, é estratégico não adotar a postura do “sei mais que você”. Ainda que saiba, mostrar-se superior intelectualmente afasta as pessoas, inibe amizades e gera sentimentos mesquinhos de inveja, rancor, raiva e até vingança.