O marido pode proibir a esposa de ir à academia?

E aí, o que você me diz? Academia é um ambiente proibido para mulheres casadas?

Dias atrás, recebi um recadinho de uma ouvinte. Ela me mandou um oi no whatsapp. Disse que gostaria muito de exercitar numa academia. Mas o marido proíbe.

Segundo ela, o marido entende que academia não é um ambiente para uma mulher cristã. Ele argumenta que “mulher dele não pode ficar lá mostrando o corpo para os outros”.

Bom, eu não estou aqui pra arrumar confusão com ninguém, mas eu preciso dizer algumas coisinhas.

Minha mãe tem 74 anos. Faz uns três anos que ela frequenta quase diariamente uma academia de musculação. Dona Cleuza é de uma igreja tradicional e eu nunca vi minha mãe usar calça. Ela vai de saia e tênis para a academia. Chega lá, coloca uma bermuda e faz os exercícios dela.

Dona Cleuza sempre foi muito ativa, mas recebeu recomendação de fazer exercícios de forma mais concentrada para fortalecer os ossos. E, nos últimos exames, o resultado da musculação já apareceu. A osteoporose paralisou e a qualidade dos ossos da minha mãe melhorou.

Há uns 15 anos, eu não fazia academia. Apenas caminhava. Mas eu sempre incentivei minha esposa a se exercitar. Eu morava num bairro distante. E quando abriu uma academia mais perto de casa, eu fui lá, conheci a dona, falei com ela, combinei uma aula experimental pra Rute. A Rute fez a primeira aula e fechou contrato.

Um ano depois, mudamos de casa e eu também aderi a academia. Desde então, só deixei de me exercitar nos períodos em que estava na cadeira de rodas em função das cirurgias ortopédicas que fiz, necessárias por causa dos meus acidentes.

Então, sou adepto da academia. Quando consigo, faço até cinco vezes por semana. E com dor, porque, entre as sequelas dos meus acidentes, está a dor – que se tornou companhia constante.

Eu conheço bem o ambiente das academias. Posso dizer que é lugar para ser frequentado por qualquer tipo de pessoa. A maioria das pessoas que vai a uma academia está focada nos exercícios.

Tem gente que usa este espaço e exibe seus corpos? Tem.

Tem gente que fica de olho nos corpos bem definidos de homens e mulheres? Tem.

Mas este tipo de atitude acontece na academia, mas também acontece na faculdade, no ambiente profissional e até na igreja.

Sabe, gente, eu aprendi uma coisa: se alguém olha com olhos de desejo, de cobiça, de ciúme ou inveja, o problema é de quem olha.

Do ponto de vista bíblico, devemos nos comportar de forma a não levar o outro ao pecado, mas, se cuidamos de nós mesmos, qualquer tipo de comportamento inadequado que a outra pessoa tenha é um problema dela.

Outra coisa que aprendi é que muitos dos julgamentos que fazemos sobre lugares e pessoas não têm a ver com os lugares e com as pessoas, tem a ver com nossa mente, com a imagem que alimentamos em nossa mente.

Às vezes, nosso julgamento é distorcido, porque nossa mente não é pura. Ainda não fomos renovados pelo Espírito Santo.

Eu também aprendi ao longo dos anos que nós homens, frequentemente, somos inseguros. E nossa insegurança se revela num forte desejo de controle. E, por vezes, nossa esposa, nossa filha e até nossa mãe se tornam vítimas de nosso desejo de controlar.

Nesta busca por controlar, podemos ser manipuladores. E a manipulação se faz de várias maneiras, inclusive adotando o discurso religioso.

Portanto, pra terminar, eu diria: precisamos agir com prudência, mas também sermos sábios. Algumas de nossas atitudes ou até argumentos podem não ter a ver com o que diz a Bíblia, mas com as nossas supostas verdades, que revelam muito do que vai no nosso coração.