Celular e adolescentes: os riscos do uso excessivo

Você sabia que o uso excessivo do celular pode fazer mal aos adolescentes? Na verdade, faz mal pra todo mundo, né? Inclusive faz mal para o casamento.

O uso excessivo de celular por adolescentes pode trazer alguns riscos para a saúde emocional.

Sei que não é nada fácil tratar sobre isso com a moçadinha, mas é necessário.

O uso excessivo dos smartphones pode levar a uma série de problemas. Vou listar alguns problemas.

1) Ansiedade e depressão: O uso excessivo de celular pode aumentar os níveis de ansiedade e depressão em adolescentes. Eles podem se sentir pressionados a estar sempre conectados e atualizados nas redes sociais.

Um estudo realizado pela Universidade de Pittsburgh encontrou uma correlação entre o tempo gasto nas redes sociais e o aumento dos sintomas de depressão e ansiedade em adolescentes. Aqueles que passavam mais tempo nas redes sociais apresentavam maiores níveis de sintomas depressivos e ansiosos em comparação aos que passavam menos tempo conectados .

2) Isolamento social: Deixa eu explicar… Embora estejam conectados pelos celulares, por vezes, adolescentes que ficam muito tempo online perdem a conexão física, presencial. Quando adolescentes passam muito tempo no celular, perdem contato com amigos e familiares, perdem o olho no olho, e até a capacidade de interagir presencialmente. E, gente, a conexão presencial é fundamental para a saúde emocional e para o desenvolvimento dos afetos.

3) Distúrbios do sono: O uso de dispositivos móveis antes de dormir pode prejudicar a qualidade do sono, causando insônia e outros distúrbios. E o sono, como os estudos científicos mostram, é fundamental para o desenvolvimento do adolescente.

4) Baixa autoestima: O constante uso de mídias sociais pode levar adolescentes a comparar suas vidas com as dos outros, levando a uma baixa autoestima e a sentimentos de inadequação.

5) Cyberbullying: O uso excessivo de celular pode aumentar a exposição a cyberbullying, o que pode levar a problemas emocionais, como ansiedade, depressão e baixa autoestima. E, pior, o mundo virtual tira a inibição e, de certo modo, facilita a agressividade, o ataque ao outro, porque, na tela, o outro não parece um igual, não parece um semelhante… parece ser apenas a miragem de um personagem.

6) Perda da concentração: O uso frequente de celular pode reduzir a capacidade de concentração e aumentar ainda mais os níveis de estresse e ansiedade. A constante necessidade de responder a notificações e mensagens pode fragmentar a atenção e gerar um cansaço mental. O efeito no processo de aprendizagem é significativo. E, nós professores enxergamos isso claramente em sala de aula: o aluno não se consegue ouvir o professor com atenção por 10 anos.

Mas e aí, o que os pais podem fazer?

Há várias medidas que os pais podem tomar para ajudar os filhos adolescentes a fazer um uso saudável e equilibrado do celular – e ainda volto a falar sobre isso, com mais profundidade, noutro texto. Mas, hoje, deixo duas dicas:

Primeira, estabeleça limites. Não se trata de proibir, mas de limitar o tempo de uso e os horários de uso.

E a segunda, muito diálogo. Muita conversa. E dando o seu exemplo de uso racional e sensato do seu celular.

Como falar com seu filho adolescente para que ele te escute?

Falar é fácil, né? Difícil mesmo é falar de uma maneira que o filho escute. Conversar com nossos filhos deveria ser algo fácil, mas não é. Na verdade, a gente tem dificuldade para dialogar – não importa com quem. Qualquer conversa que demanda um pouco mais de atenção, que trata de algo mais complexo, é um processo sofrido pra muita gente.

E não é diferente com os filhos.

Prefere ouvir? Dê o play!

Muitas vezes, os pais se sentem frustrados, ignorados ou desafiados pelos seus filhos, que parecem viver em um mundo à parte. Mas, entenda: é possível estabelecer uma relação de confiança, respeito e diálogo com os adolescentes, seguindo algumas dicas simples.

Pegue as dicas:

Seja breve e direto. Os adolescentes não têm paciência para ouvir longos discursos ou sermões. Por isso, tente transmitir a sua mensagem de forma clara e objetiva, usando frases curtas e simples. Evite repetir as mesmas coisas ou dar muitas explicações.

Às vezes, a gente parece ter a impressão que, para que o outro entenda, é necessário repetir 20 vezes a mesma coisa. Isso cansa e o filho/a bloqueia a informação. Na prática, ele não escuta o que você falou.

Dê espaço para que o seu filho também se expresse e faça perguntas. Diálogo é isso: um fala, o outro escuta… Depois, quem escutou também fala, se expressa, questiona…

Mostre interesse e empatia. Os adolescentes precisam se sentir compreendidos e valorizados pelos seus pais. Por isso, demonstre que você se importa com o que ele pensa, sente e faz.

Escute com atenção, sem interromper ou julgar. Reconheça os seus pontos de vista, mesmo que não concorde com eles. Tente se colocar no lugar dele e entender o que ele está vivendo.

Escolha o momento certo. Não se trata de se tornar refém do seu filho. Trata-se de ter bom senso. Seu filho é uma pessoa, um ser humano – como você. Quando você está cansado, irritado ou teve um dia complicado, como você se sente? Tem disposição de ter uma conversa mais difícil?

Então, entenda isso… Procure um momento em que ele esteja mais relaxado, receptivo e disposto a dialogar. Pode ser durante uma refeição, um passeio, uma atividade em família… Enfim, escolha um momento mais calmo. E que você também esteja bem, com paciência inclusive para ser questionado/a. Evite abordar assuntos delicados ou polêmicos quando ele estiver com os amigos, na frente da TV ou do celular.

Use o humor e a criatividade. Os adolescentes gostam de se divertir e de se surpreender. Por isso, use o humor e a criatividade para tornar as conversas mais leves e interessantes.

Seja positivo e elogie. Os adolescentes precisam de incentivo e reconhecimento dos seus pais. Por isso, seja positivo e elogie os seus esforços, os seus progressos e as suas conquistas.

Demonstre que você valoriza seu filho. Evite criticar, comparar, culpar ou rotular o seu filho. E quando falo de comparação, isso é forte, viu? Toda comparação é desastrosa. Não use o irmão, a irmã… o amigo/a de seu filho como referência.

Estabeleça limites e regras. Ser legal com seu filho, não significa abrir mão da autoridade. Pais são pais, não são amiguinhos.

Os adolescentes precisam de orientação e disciplina dos seus pais. Por isso, estabeleça limites e regras claras, coerentes e consistentes para o seu filho.

Explique o porquê das suas exigências e as consequências de não cumpri-las. Seja firme, mas flexível. Negocie quando for possível e mantenha a sua palavra. Aplique as sanções com justiça e proporcionalidade.

Expresse o seu amor e o seu apoio. Os adolescentes, acima de tudo, precisam de amor e apoio dos seus pais.

Por isso, expresse o seu amor e o seu apoio de forma verbal e não verbal. Diga que você o ama, que se orgulha dele, que confia nele, que está ao seu lado. Abrace, beije, acaricie, sorria, olhe nos olhos. Mostre que você é o seu maior aliado e que pode contar com você para o que precisar.

Por fim, uma última dica: não se coloque como pessoa perfeita e que não erra. Seu filho sabe que você está mentindo e te conhece melhor do que você pensa. Mostre suas vulnerabilidades, reconheça seus defeitos… Desarme-se antes de conversar com seu filho. Seja verdadeiro sobre quem você é.

Adolescentes, mídias sociais e tecnologia 2023

As mídias sociais se tornaram um componente indispensável na vida dos adolescentes. A recente pesquisa do Pew Research Center, realizada entre 26 de setembro e 23 de outubro de 2023, nos oferece uma visão do comportamento digital dos jovens americanos – e embora não seja possível dizer que a realidade se repete aqui, no Brasil, ainda assim vale a pena observar os dados.

Com 1.453 participantes de 13 a 17 anos, o estudo revela tendências intrigantes e transformações no cenário das plataformas online.

A Supremacia do YouTube:
O YouTube reina supremo no universo digital dos adolescentes, com cerca de 90% deles relatando seu uso. Essa taxa elevada sugere que o YouTube transcendeu sua função original como uma plataforma de vídeos para se tornar um centro vital de informação, entretenimento e educação para a juventude.

A Ascensão e Queda das Plataformas:
TikTok, Snapchat e Instagram continuam a ser populares, cada um com mais de 50% de adoção entre os adolescentes. No entanto, vemos uma queda notável no uso do Facebook, de 71% em 2014-2015 para 33% em 2023, refletindo talvez uma mudança no apelo das plataformas entre gerações mais jovens. Curiosamente, o Twitter, agora renomeado como X, também viu um declínio, embora menos acentuado.

Estabilidade e Novas Tendências:
O estudo revela uma estabilidade notável no uso de sites como TikTok em comparação com o ano anterior. Isso indica uma consolidação de preferências entre os jovens. Além disso, o BeReal surge como uma novidade, com 13% dos adolescentes explorando este aplicativo.

Mergulhando na Frequência de Uso:
A frequência de uso dessas plataformas é outra revelação surpreendente. Cerca de 70% dos adolescentes visitam o YouTube diariamente, e um número significativo relata usar TikTok e Snapchat quase constantemente. Isso aponta para um engajamento profundo e persistente com essas plataformas.

Variações Demográficas:
Existem variações no uso das mídias sociais baseadas em gênero, raça e etnia. Por exemplo, meninas tendem a usar TikTok e Snapchat mais intensamente do que meninos. Além disso, adolescentes hispânicos se destacam no uso do TikTok e Snapchat, enquanto a BeReal é mais popular entre os adolescentes brancos.

Tempo Online e Uso de Dispositivos:
Quase metade dos adolescentes afirma estar online “quase constantemente”, um indicativo da crescente imersão digital. Quanto aos dispositivos, smartphones são quase universais entre os adolescentes, enquanto o acesso a computadores e tablets varia com a renda familiar. Notavelmente, os consoles de jogos são mais prevalentes entre os meninos.

Os resultados do Pew Research Center destacam uma paisagem digital em constante evolução para os adolescentes americanos. Enquanto algumas plataformas mantêm sua popularidade, outras enfrentam um declínio, refletindo as mudanças nas preferências e comportamentos dos jovens.

Essas tendências não apenas moldam a forma como os adolescentes interagem entre si, mas também influenciam a maneira como acessam informações e conteúdo. À medida que entramos mais fundo na era digital, será fascinante observar como essas tendências evoluem e moldam o futuro da conectividade social.

Segue abaixo, um resumo dos dados:

Adolescentes, Mídias Sociais e Tecnologia 2023

  1. Uso Predominante de Plataformas Online

YouTube: 90% dos adolescentes o utilizam.
TikTok: 63% dos adolescentes de 13 a 17 anos e cerca de 70% dos adolescentes de 15 a 17 anos.
Snapchat: 60% dos adolescentes.
Instagram: 59% dos adolescentes.
Facebook: Uso reduzido de 71% em 2014-2015 para 33% atualmente – ainda assim, observando os últimos dois anos, há certa estabilidade nos números; ou seja, o Facebook parou de cair.
Twitter (X): Uso declinou menos acentuadamente do que o Facebook.

  1. Estabilidade no Uso de Mídias Sociais

Uso do TikTok está estatisticamente inalterado desde o ano passado.

  1. Novidade: Uso do BeReal

13% dos adolescentes usam o BeReal.

  1. Frequência de Visita às Plataformas Online

YouTube: 70% visitam diariamente, incluindo 16% quase constantemente.
TikTok: 58% usam diariamente, com 17% quase constantemente.
Snapchat: 14% usam quase constantemente.
Instagram: 8% usam quase constantemente.
Facebook: 19% usam diariamente, com 3% quase constantemente.

  1. Uso das Plataformas por Gênero e Raça/Etnia

TikTok e Snapchat: Maior uso entre meninas (TikTok: 22% das meninas vs. 12% dos meninos quase constantemente).
YouTube, Instagram e Facebook: Pouca ou nenhuma diferença de gênero no uso constante.
TikTok: 32% dos adolescentes hispânicos usam quase constantemente, comparado a 20% dos adolescentes negros e 10% dos brancos.

  1. Diferenças Demográficas no Uso de Plataformas

Instagram: 68% dos adolescentes de 15 a 17 anos usam, contra 45% dos de 13 a 14 anos.
Facebook: Uso maior entre adolescentes de famílias com renda abaixo de US$ 30.000 (45%) comparado a famílias com renda de US$ 75.000 ou mais (27%).
TikTok: Uso maior em famílias de renda mais baixa (71% vs. 61% em famílias de renda mais alta).

  1. Tempo Online dos Adolescentes

Uso Geral da Internet: Quase 50% estão online “quase constantemente”.
Por Raça/Etnia: 55% dos adolescentes hispânicos e 54% dos negros estão online quase constantemente, comparado a 38% dos brancos.
Por Idade: 50% dos adolescentes de 15 a 17 anos usam a internet quase constantemente, contra 40% dos de 13 a 14 anos.

  1. Dispositivos Utilizados

Smartphones: 95% têm ou têm acesso.
Computadores: 90% têm ou têm acesso, mas apenas 72% em famílias com renda abaixo de US$ 30.000.
Consoles de Jogos: Acesso maior entre meninos (91%) do que meninas (75%).
Tablets: 65% têm ou têm acesso, sendo menos comum em famílias de renda mais baixa (57% contra 67% em famílias de renda mais alta).

A morte da esperança

A esperança é um estado emocional que, de certo modo, assegura conforto em relação ao futuro. A esperança nos faz acreditar que tudo vai dar certo.

Essa forma de se relacionar com o mundo é positiva.

Entretanto, a esperança tem nos escapado. As novas gerações são gerações sem esperança. E mesmo entre nós, adultos, a esperança está enfraquecendo.

Na prática, o mundo que estamos construindo, nossas atitudes diante do planeta e da vida são responsáveis pela morte da esperança.

Quando nossos meninos e meninas olham para nós, adultos, não conseguem vislumbrar nada que alimente a esperança de vida deles.

Nosso próprio discurso a respeito do investimento no futuro se resume a insistir para que façam tudo que estiver ao alcance a fim de serem bem-sucedidos. E o que seria ser bem-sucedido? Ter uma profissão respeitada, um bom salário e reunir as condições necessárias para comprar tudo que for possível comprar.

As novas gerações olham para nós e percebem o quanto isso é pobre. As pessoas vivem cansadas, doentes, física e emocionalmente, possuem relacionamentos frágeis… Uma vida medíocre em nome do que é idealizado como vida desejável.

Por outro lado, a violência cresce, o individualismo egoísta torna a todos inimigos… E, pior, a nossa casa, o planeta, está sendo destruído.

A política é mesquinha, não está e nunca esteve a serviço de todos.

Como ter esperança? Não dá para ter esperança.

E sem esperança, muitos dos meninos e meninas não enxergam sentido na vida. Por isso, não há prazer em viver e o próprio desejo de morrer faz parte dos pensamentos de muitos deles.

A falta de esperança dessas novas gerações pode ser, porém, a nossa salvação.

A esperança que alivia as dores também anestesia as ações. Ficamos esperando uma espécie de milagre… Algo que possa dar um sentido às coisas e até salve nosso planeta.

Sem esperança, talvez nossos meninos e meninas, os mais resistentes, sejam objetivos, virem o jogo e criem formas mais honestas de viver, de se relacionar com o dinheiro e até de explorar o planeta.

A escola e o (não) prazer de estudar

​Dias atrás, falei aqui que um número expressivo de jovens entende que sucesso profissional é “fazer o que gosta”. Também mencionei que a busca por fazer coisas que proporcionam prazer é uma das características do momento em que vivemos. Frequentemente, as escolhas de nossos adolescentes e jovens têm como referência a expectativa de que aquela atividade poderá ser alegradora.

Esse não é um princípio de vida ruim. Passa a ser, quando há baixa tolerância à frustração, ao desconforto, à dor.

E aqui está um dos problemas enfrentados na escola. O ato de aprender é, por vezes, desgastante, cansativo e provoca muito sofrimento.

O movimento de aprendizagem é uma espécie de agressão subjetiva. É necessário todo um esforço para se adquirir um determinado tipo de conhecimento, principalmente em áreas que não parecem fazer sentido para nós. Há necessidade de criar novos “caminhos” no sistema neuronal, novas conexões.

Entretanto, no que diz respeito à escola, a situação é ainda mais complexa. Algumas regras gramaticais, cálculos matemáticos, princípios físicos, químicos ou estudos biológicos são totalmente estranhos e desconexos com a realidade imediata do aluno. E aí sem prazer e sem fazer sentido, não há nada de recompensador nesse aprendizado.

A rejeição por aquele saber é quase imediata. Com raras exceções, absorve-se o necessário para obter o resultado desejado: a aprovação na matéria. Nada mais que isso!

E nenhum discurso professoral, ou até mesmo da família, em defesa desse tipo de conhecimento têm lógica para os estudantes. Eles se sentem desconfortáveis com as horas dedicadas ao estudo, não encontram nenhum prazer naquilo e, pior, ainda notam que provavelmente boa parte daquele conhecimento só terá valor para passar num vestibular. Nada mais.

Na prática, a escola produz efeito contrário do desejado. Ao obrigar os alunos a fazerem coisas que não gostam e que não possuem conexão com a realidade deles, a escola acaba por sugerir que o estudo é chato, impositivo, e não passa de uma mera formalidade para aprovação em concursos ou em atividades que estabelecem, aleatoriamente, suas próprias regras, ignorando as habilidades que, de fato, são requeridas numa profissão e até mesmo para a vida.

Os efeitos das redes sociais sobre os adolescentes

​Com a popularização das redes sociais, inúmeros estudos têm sido desenvolvidos para compreender os seus efeitos na sociedade. ​Entre as pesquisas realizadas, várias delas envolvem jovens e adolescentes​. O objetivo é compreender se existe alguma relação entre a depressão​, ansiedade​ e o uso das redes. Afinal, é fácil notar o crescimento de doenças emocionais nesse público. Mas​, afinal,​ os hábitos digitais estariam entre as causas​ dessas doenças e transtornos psíquicos​?

A maioria dos estudos indica algum tipo de relação entre as doenças emocionais e o uso das redes sociais.

No início deste ano, a revista Lancet apresentou números preocupantes. Com base em dados de 10 mil adolescentes de 14 anos, ​a publicação científica ​revelou que, entre os que passam mais de cinco horas por dia nas redes sociais, o porcentual de sintomas de depressão cresce 50% para meninas e 35% para meninos. Mesmo entre os que passam três horas há elevação de sintomas, de 26% para elas e 21% para eles.

Embora os pesquisadores sejam cautelosos em relacionarem diretamente as doenças emocionais com o uso das redes sociais, muitos deles têm se empenhado em alertar para os riscos de ficar horas e horas conectado ao Facebook, Twitter, Instagram​ etc.

Uma das preocupações é com o efeito das imagens de outras pessoas sobre a vida dos usuários das redes. A quantidade de imagens que sugerem vidas perfeitas, rotinas emocionantes pode gerar ansiedade e sensação de fracasso.

Justamente por reconhecer esses efeitos​,​ o Instagram ocultou o número de curtidas nas publicações​;, o Twitter estuda algo semelhante nos posts e outras redes também avaliam estratégias para minimizar as comparações entre usuários. ​Vale citar que o Facebook e Instagram permitem que o usuário monitore o próprio tempo dedicado às redes. ​

Entretanto, nada disso resolve se as pessoas ficarem imersas horas e horas nas redes.

Os pesquisadores sugerem apenas duas estratégias para não sofrer os efeitos das redes: menos tempo de tela e mais tempo de vida “real” – ou seja, de contato presencial com amigos, família, atividades físicas, lazer, leitura… Além disso, para os pais, algo que eu já disse aqui: os pais devem ser os mediadores do contato dos filhos com as telas​.

Jovens são massa de manobra?

Os jovens e adolescentes são idiotas? Idiotas úteis? Massa de manobra?

Tenho dois filhos; o mais velho, com 22 anos e no quarto ano da universidade; a mais nova, 18 anos e no primeiro ano de faculdade. Trabalho com jovens no ensino superior há 14 anos e, por dois anos, convivi com dezenas de estudantes de ensino médio e cursinho. Acho que conheço, por experiência própria, um pouco deste público – além disso, sou pesquisador em Educação. Sinto ter certa autoridade para falar de jovens e adolescentes.

Então, voltando as perguntas iniciais, posso garantir que a moçada pode até ser idiota, às vezes. Afinal, todos nós, vez ou outra, somos. Entretanto, uma coisa que jovens e adolescentes não são é massa de manobra. Por ingenuidade, inexperiência, fragilidade emocional, formação educacional inadequada, nem sempre agem de maneira inteligente; mas não são facilmente manipulados, principalmente por adultos.

Jovens e adolescentes escutam youtubers, influencers. Escutam gente que se parece com eles. Por outro lado, pais, professores, padres, pastores são quase sempre vistos com desconfiança, tidos como inadequados e chatos. A maioria deles também não gosta de política e não acredita nas estruturas de poder. Por isso, quem afirma que jovens e adolescentes são idiotas úteis, massa de manobra de professores, demonstra total desconhecimento deste público.

Jovens e adolescentes se apaixonam por causas, por bandeiras ou, simplesmente, são alheios a tudo que pode parecer relevante para nós, adultos. Poucas coisas são mais importantes que a luta deles pela liberdade de suas subjetividades; querem ser reconhecidos como pessoas que sabem o que querem, que são donas do próprio nariz. Geralmente erram por não ouvirem gente mais experiente, mais vivida.

Nos colégios e universidades, professores não conseguem ser ouvidos; por vezes, sequer são respeitados.

Vivemos hoje uma crise de autoridade. Não há espaço para manipular ou doutrinar um adolescente ou jovem em sala de aula. Quando um professor tenta direcionar o olhar dos alunos para uma determinada perspectiva ideológica, a maioria percebe, resiste e passa a agir de maneira crítica – e até explicitamente desrespeitosa – com aquele educador.

Adultos que têm adolescentes e jovens em casa sabem que não é nada fácil fazer com que sigam certas orientações ou façam o que lhes foi determinado; sem ameaça ou pressão, eles só fazem o que querem, o que acreditam ser importante e necessário fazer. Também sabem o quanto são desconfiados em relação aos professores, aos discursos de autoridades institucionalizadas. Ou seu filho é diferente? Passivo? Cordeirinho que segue todas as ordens?

Não, meus caros, jovens e adolescentes não são idiotas úteis – até poderiam ser idiotas inúteis (como nós adultos, em algumas situações). Contudo, reafirmo, algo que eles não são, é massa de manobra.

Devo dar liberdade aos meus filhos?

Alguns pais de adolescentes questionam:

– Devo ou não devo dar liberdade aos meus filhos?

Essa pergunta me faz pensar sobre o que entendemos por liberdade. Se a compreensão de liberdade for “meu filho quer fazer as próprias escolhas”, sinto muito, mas não dá para permitir que um adolescente decida sobre a vida dele.

Embora exceções existam, nossos garotos e garotas não têm maturidade para isso. Não possuem vivências. E as experiências que esse tipo de liberdade pode proporcionar não acrescentam muita coisa.

Quase sempre, as decisões dos adolescentes são pautadas pelo grupo. A moçadinha geralmente segue o que todo mundo está fazendo.

Entretanto, na voz do grupo nunca há sabedoria.

Por isso, os pais precisam, sempre que necessário, confrontar os filhos e estabelecer limites.

Talvez o adolescente diga:

– Mas todo mundo vai. O pai de fulano deixa.

Nessa hora é preciso ter forças e coragem pra dizer:

– Mas você não é todo mundo. E eu não deixo.

Muitos pais não são capazes de fazer esse enfrentamento por que temem perder o amor dos filhos. Não querem desagrá-los.

Posso assegurar, é melhor ter um filho com raiva da gente por um ‘não’ que sustentamos que chorarmos depois, culpados por nos faltar coragem para educá-lo.

Pais ausentes formam filhos frágeis

Nas últimas semanas, muitas pessoas manifestaram suas preocupações com um jogo que circula nas redes sociais. A tal da Baleia Azul gerou inclusive um monte de memes, de piadas… E, claro, certo pânico na rede, com a divulgação de muitas informações falsas.

Algumas pessoas me perguntaram o que eu pensava a respeito jogo. Respondo: não vi o jogo, desconheço os 50 passos. Só sei que culminaria com o suicídio.

Sabe, jogos como esse não me preocupariam nenhum pouco se os pais estivessem presentes na vida de seus filhos.

Sejamos sinceros… Vamos romper com a hipocrisia: nossas crianças, nossos adolescentes estão emocionalmente frágeis. E estão frágeis, quase sempre, porque nós, pais, temos abandonado nossos filhos, não conhecemos nossos filhos.

Amamos sim, mas amamos de um jeito torto. Porque amor bom é amor prático. É amor vivido, experimentado, sentido e manifestado em atitudes.

A adolescência, principalmente, é um tempo de incertezas, de necessidade de auto-afirmação. É um período de transformação. E é um período difícil pra molecada.

A sociedade em que vivemos não é nada fácil. Essa sociedade oferece imagens estereotipadas sobre a vida, sobre o que é ser feliz, sobre o que é ser bem-sucedido, sobre como ter alegrias… Isso tudo confunde, angustia.

E essa garotada (que vive num cenário pouco favorável ao desenvolvimento da saúde mental) ainda tem que enfrentar a ausência dos pais. Não estão ausentes fisicamente, necessariamente. Às vezes até estão ali perto. Porém, sequer conhecem os amigos de seus filhos, sequer sabem o que fazem na internet.

Jogos como a Baleia Azul só preocupam porque os pais não têm sido pais, não têm sido educadores, não têm amado em atitudes.

Muitos pais dizem: “ah… mas eu falo com meus filhos”.
Fala o quê? Fala sobre o quê? Você conversa com eles ou dá sermões?

Conversar implica ouvir. Conversar é dialogar. É conhecer e se dar a conhecer.

E conversar com nossos filhos nem sempre é um ato prazeroso. Muitas vezes temos que engolir sapos. Muitas vezes o que nossos filhos falam machucam nosso coração. Mas conversar é estabelecer um diálogo no mesmo nível. Não é uma fala de cima pra baixo… Em que a gente se posiciona cheio de verdades e impõe tudo aos nossos filhos.

Quem ama não pode ser omisso. Pais de verdade monitoram os filhos sim. Monitoram o que fazem na escola, quem são seus amigos, o que fazem na internet… E também disciplinam. São firmes. Possuem regras e aplicam as regras.

Também conheço pais que acham que amar é dar tudo, é proteger. E ainda tem aqueles que possuem uma imagem distorcida de suas crianças, de seus adolescentes. Acham que são sempre incríveis, maravilhosos… Que tudo que acontece de ruim é culpa dos outros. Por conta disso, brigam com professores, com os amigos de seus filhos… Criam filhos frágeis emocionalmente.

Pais assim não preparam seus filhos para o mundo.

São esses meninos e meninas que podem ser atraídos por jogos como a Baleia Azul. São esses meninos e meninas que se mutilam, que se agridem e agridem outros…

Pais presentes, pais que vivem um amor prático podem ter filhos com crises emocionais. Mas certamente esses filhos e esses pais dificilmente serão vítimas dessas ondas assustadoras que vez ou outra circulam pela internet.

As tarefas que a criança pode fazer dos 8 aos 12 anos

filhos-tarefas

Muitos pais acham que os filhos são pequenos demais para fazer determinadas tarefas. Porém, a própria constituição psicológica da moçadinha sugere que não há razão para poupá-los. Trabalhar não causa trauma em ninguém. Pelo contrário, aperfeiçoa a própria natureza, o caráter. Enfim, prepara para a vida.

Entre os nove e onze anos
Já é bastante autônomo e tem suas próprias vontades. Também é responsável. Por isso, pode ser cobrado para ter sua própria organização (e não a da mãe ou do pais) com os materiais, roupas… Sua própria poupança. Pode e deve encarregar-se de algumas tarefas domésticas e precisa realizá-las com responsabilidade e certa perfeição. Por outro lado, gosta de ser recompensado pelas tarefas que lhe são atribuídas.

Embora vez ou outra apareçam ainda indícios de dependência, gosta de tomar decisões e opor-se aos adultos inclusive com certa rigidez. É capaz de escolher com critérios pessoais. Geralmente não admite exceções, é exigente e rigoroso.

Identifica-se com seu grupo de amigos e cada um tem sua “função”. Sabe reconhecer a posição de liderança de outras pessoas ou a questiona se julga que não possuir mérito.

Reconhece o que faz de errado, porém sempre busca desculpas. Gosta de decidir por si mesmo e tem necessidade de se afirmar na frente das pessoas, por isso a resistência em obedecer e ao mesmo de tempo de mandar nas crianças menores. Geralmente conhece suas possibilidades, é capaz de refletir antes de fazer algo, aprende as consequências e se sente atraído pelos valores morais de justiça, igualdade, sinceridade, bondade etc. Porém, como disse no texto anterior, carece de um ambiente de bons exemplos para se espelhar.

Entre onze e doze anos
A influência dos amigos começa ser decisiva e sua conduta é influenciada em grande parte pelo comportamento que observa em seus amigos e amigas e companheiros de classe. Os irmãos maiores têm mais influência sobre eles que os pais. Trata-se de uma fase em que as críticas são muito frequentes e dirigidas aos pais e professores. Não gosta que lhe tratem de um modo autoritário, como se fosse uma criança; reclama autonomia em todas suas decisões.

Necessita ter amigos e depositar deles sua intimidade; é leal ao grupo e sua moral é a de seus iguais – imita a forma de vestir, os jogos, as brincadeiras, os passatempos, diversões etc. Quer ser como os mais velhos (como gente de 16, 18 anos…). Tem senso de responsabilidade e trata de cumprir suas obrigações, também se torna mais flexível em seus juízos. Tem capacidade de analisar o que é bom e o que é mal em suas ações, pode pensar nas consequências, conhece com bastante objetividade suas intenções e deseja definir as coisas por si mesmo, ainda que se equivoque.

É uma fase que pode realizar praticamente todas as tarefas domésticas tidas como dos adultos: cozinhar, passar, limpar, lavar, comprar… Não deve ser poupado de ajudar em casa. Porém, as atividades devem ser feitas como parte da dinâmica familiar e não como castigo por desobediência ou algo do tipo.

PS- Com este texto, encerro essa série que trata das atividades que os filhos podem executar em casa. É fundamental, porém, acrescentar que ensinar tudo isso dá trabalho. Por isso sempre digo: se você não tem tempo para educar um filho, não tenha filho. Educar dá trabalho. E requer dedicação, envolvimento, comprometimento, persistência.