Pais que matam seus filhos

Procuram-se pais que amem seus filhos, que os tornem prioridade em suas vidas

Eu pedi pra papai do céu pra me levar no seu lugar. Mas ele te escolheu porque você será um anjo mais belo e puro. Esse mundo terrível não é digno de você.

Confesso, dói ler essa declaração. Machuca. É de um pai. Um pai culpado. Culpado pela morte de uma menina de apenas dez meses.

É provável que você tenha lido a notícia. O comerciante Clóvis, 29 anos, morador de Volta Redonda, esqueceu a filha dentro do carro. A menina ficou no veículo quatro horas. Não resistiu ao calor. Morreu. Foi quinta-feira passada, 8/11.

O pai deixou a pequena Manuella dormindo no banco traseiro. Foi almoçar com amigos e, em seguida, passou num cartório. Só percebeu que a havia esquecido quatro horas depois.

Na sua página no Facebook, publicou a mensagem que reproduzi parcialmente. Não vou discuti-la. Analisá-la. Confesso que, como pesquisador do texto e do discurso, sinto vontade de desconstruir o que ele escreveu. Porém, falar desse pai não vai mudar nada. Não vai trazer a menina de volta. A garotinha, inocente, morreu. E, sim, o mundo era digno dela. Talvez seu pai é quem não fosse. Mas… prometi não falar dele.

Entretanto, algo me incomoda. O que esse pai fez não é fato inédito. Não foi o primeiro nem será o último. Já vimos notícias envolvendo mães também. O que mostra que não são os homens, apenas eles, o gênero desprovido de sensibilidade.

Esquecer uma criança no carro é ignorar a presença de um filho, a sua existência. Muitos não estão esquecidos no banco de trás. Estão abandonados dentro de casa. Não são notados.

Os pais, engolidos pela rotina, pela correria do dia a dia, não percebem que seus filhos existem. Que carecem de atenção. Crianças e adolescentes não morrem dentro do carro, mas estão mortos para a família. Não são consumidos pelo calor; estão congelados pela falta de calor humano. São vistos apenas quando os problemas se avolumam e os filhos se tornam problema. Ou “aborrecentes”, como alguns preferem classificar os monstrinhos que eles próprios criaram.

Filhos esquecidos são sintoma de um tempo de desamor. E de prioridades invertidas. Nossas ocupações ganharam o topo da lista. Por isso, queremos crianças pacíficas, boazinhas. Eles não podem incomodar, chorar. Queremos colocá-los no mundo quase por capricho. São lindinhos, gostosinhos… Dá vontade de morder, né? São brinquedos de adultos. Porém, quando somos confrontados com a realidade e com o esgotamento que eles trazem, achamos que os nossos filhos são um problema. E eles passam a ser responsabilizados por nos darem trabalho.

Sabe, nem todos estão preparados para serem pais. Na verdade, penso que hoje alguns poucos são altruístas o suficiente para dividirem, compartilharem, se doarem. Para serem pais. Somos egoístas, competitivos, gananciosos. Não há muito espaço para viver por alguém. Talvez por isso filhos morram trancados dentro de carros. Ou… dentro de nossas casas, debaixo de nossos olhos.

Minha filha… um texto, uma emoção

Estou longe de ser um bom pai. Mas tenho um enorme orgulho dos meus filhos. Por opção, raramente falo deles. Ou de minha família. Eu sou um sujeito público. Eles, não. Se um dia quiserem mudar isso, será uma escolha deles. Não minha.

Hoje, porém, sinto-me no dever de quebrar minha “regra”.

Enquanto me preparava para sair de casa e ir para a CBN, encontrei um bilhetinho da minha pequena. Minha garotinha deixou um recado no balcão. Tinha data, nome e uma pergunta:

– Pai, você gostou?

E, depois dessa pergunta, outra:

– Dá para colocar no blog?

Minha menininha, minha Maria Eduarda, com seus dez aninhos, atrevendo-se a escrever. Sei que ela gosta. Tem o hábito de mandar cartinhas, bilhetes… Porém, não imaginava que quisesse compartilhar alguma coisa em meu blog.
Fiquei emocionado, confesso.

O texto dela é curto, mas muito singelo. Compartilho.

Escolhas

Tem vários momentos da vida que precisamos escolher.

Com as escolhas, formamos o nosso caráter. Se a pessoa faz escolhas boas, ela é sabia; se faz escolhas ruins, não é sabia.

Você que joga lixo no chão, não respeita a natureza, não respeita os negros, índios, japoneses… que caráter você tem?

Sem família, sem filhos

George Clooney não quer ter filhos nem formar uma família. A notícia está no Uol. É direito dele. É melhor uma atitude consciente dessa que colocar um filho no mundo que terá um pai – ou uma mãe – ausente.

Entretanto, ainda me assusto com esse tipo de escolha. Não ter um filho significa se concentrar apenas em si. Não se dispor a doar um pouco de si para o outro. Entendo que o filho representa um pouco isto: o jeito de Deus nos disciplinar para o amor desinteressado.

Quanto à família, talvez seja a maneira mais eficiente de aprendermos a conviver com pessoas, fazer concessões, ser tolerante, dividir.

Bons exemplos…

Quarta-feira é dia de enviar um novo programa para a rádio Novo Tempo. Abaixo, reproduzo o texto da discussão que vai ao ar pela emissora.

O Fato Pensado de hoje quer falar sobre a importância de um bom exemplo. Em semanas anteriores, falamos aqui sobre a educação e apresentamos alguns questionamentos sobre a forma como temos orientado nossos filhos.

Hoje, quero continuar essa reflexão, mas apontando um aspecto que é fundamental para que nossos filhos sigam as nossas recomendações.

Quando falamos sobre um bom exemplo, falamos sobre as mais diferentes práticas. Por exemplo, ouvi nesse fim de semana o relato de um avô que recentemente passou por uma situação constrangedora com o neto dele. Esse avô saiu de casa acompanhado do neto e foi até um supermercado para comprar algumas coisinhas e, entre essas coisas, um pequeno objeto para aquela criança.

No supermercado, o neto se viu diante do produto com o qual seria presenteado. Na gôndola, estavam duas marcas diferentes – uma, de marca conhecida e mais cara; outra, um pouco mais popular, mas mais barata. Sem muito dinheiro no bolso, o avô comentou que compraria o objeto mais barato. Rapidamente, o garoto sugeriu ao avô que trocasse as etiquetas dos produtos. Ou seja, o menino estava propondo que o produto mais caro recebesse a etiqueta daquele que estava mais em conta. O avô, ao orientar o garoto sobre o erro que estaria cometendo, recebeu, de pronto, uma resposta bastante original: “mas vovô, meu pai faz isso. Sempre que encontra um produto mais caro, ele troca as etiquetas”.

Caro amigo, pense comigo por alguns instantes nessa situação… Imagine como se sentiu aquele avô. Ele estava diante de uma situação típica do que a gente pode chamar de “espertísse aguda”. O pai daquele menino talvez sempre achou que estava sendo muito esperto por trocar etiquetas e economizar alguns trocados. Entretanto, que tipo de ensinamento você pensa que esse pai estava passando para o filho?

Sabe, em pequenas coisas ensinamos nossos filhos a mentir, a se corromper, a se tornarem pessoas de moral duvidosa. Quando não queremos atender alguém ao telefone, mandamos dizer que não estamos em casa. Quando precisamos escapar de uma multa na estrada, oferecemos algum tipo de recompensa para o guarda nos livrar daquela penalidade… Para pagar mais barato, compramos cds e dvds piratas… As crianças vão aprendendo com nossos atos de esperteza e amanhã reproduzirão os mesmos comportamentos.

E tem um detalhe que poucas vezes nos damos conta… Pense comigo, quem você acha que são os políticos corruptos que dirigem nossa nação? Tenho certeza que são filhos de pais que se achavam espertos e deixaram exemplos de que não há pecado em mentir só um pouquinho, não há pecado em enganar só um pouquinho, não há pecado em economizar alguns trocados alterando uma etiqueta ou deixando de devolver o dinheiro a mais entregue por algum caixa desatento.

A conduta moral de nossa sociedade é reflexo de nossos exemplos. Não existe meio termo: ou somos verdadeiros ou somos mentirosos. Não existe meia verdade. Meia verdade é uma mentira, como qualquer outra.

Caro amigo, talvez isso pareça radical demais. Acontece que não seremos melhores como seres humanos se não nos comportarmos de forma íntegra. Quem acha que pequenos deslizes são toleráveis e necessários, também deve achar que uma mosca que cai enquanto o confeiteiro bate a massa do bolo não representa nenhuma falta de higiene.

Se deu mal…

Não tinha visto esta…

– Homem doa sêmen para lésbicas e fica no prejuízo

O camarada foi tentar ser legal e doou sêmen para as garotas, que mantinham uma união estável, e agora está enrolado. O problema é que as moças tiveram um filho e resolveram pedir pensão ao rapaz. Agora, ele está com dificuldades financeiras e não pode ter filhos com a esposa, já que não tem grana suficiente para pagar as contas domésticas.

Quem ama, educa

Entrevistei hoje Içami Tiba. O médico psiquiatra e palestrante é fantástico. Quando o assunto é educação de filhos, não tem pra ninguém.

Içami foi bastante contundente em suas afirmações. Ressaltou, por exemplo, que os pais estão ajoelhados diante dos filhos atendendo todas as vontades dos pequenos. Para o palestrante, os filhos tiranizaram os pais.

Segundo ele, os pais cometem todos os tipos de erros no trato com os filhos – muitas vezes, por não dedicarem tempo ao assunto. Ou seja, não se preocupam em buscar conhecimento para educar as crianças; a coisa funciona muito na base do “achismo” (se pensa que uma coisa é boa para o filho, faz; sem medir as conseqüências).

Uma coisa que pode parecer tola, mas que tem conseqüências graves, é o ato de dar celular de presente para uma criança. “É um erro, por que pra quê a criança vai precisar de um celular?”. Içami lembrou que o pai dá o celular para manter contato com o filho, mas este, por sua vez, deixa de atendê-lo e prefere falar com os amigos.

Concordo com o pensamento do especialista e ainda recordo que, recentemente, ao conversar com outro educador, ouvi dele a seguinte frase: “Hoje, é melhor o pai errar por ser rigoroso que errar por ser permissivo. As conseqüências são muito piores”. Sinceramente, não conheço ninguém traumatizado por ter tido pais disciplinadores e que até, em algum momento, fizeram uso da vara de marmelo.