A virgindade por R$ 300 mil

Nem sei se é um tema que interessa você, caríssimo leitor. Também não sei bem por que me senti incomodado em escrever. Talvez pela necessidade de refletir sobre o tema. Parece que, quando escrevo, penso melhor.

Desde a semana passada acompanho as notícias sobre a garota brasileira que leiloou a virgindade. Na verdade, a primeira que vi era esta:

Catarinense de 20 anos leiloa virgindade pela internet

Hoje, encontrei o resultado do leilão:

Jovem que participa de leilão já tem data para perder a virgindade

Pois é, a garota já tem data pra perder a virgindade. E sabe quanto vai ganhar: cerca de R$ 314 mil.

A catarinense Catarina Migliorini fez uma escolha. Optou por vender a virgindade. Diz ela que para transformar o dinheiro em um projeto social.

Não vou discutir o projeto. Nem o caráter da moça. Tem muita gente que prefere dizer que é safadeza, prostituição… Sei lá, cada um pensa o que quiser.

Eu só não gosto da ideia. Tudo bem que prostitutas transformam o corpo em produto. Modelos transformam o corpo em mercadoria. Panicats e afins projetam-se pelo corpo. O corpo é deslocado da alma e vira bem de consumo. Mas o que significa vender a virgindade?

Ok, a “aura” da virgindade pode ser apenas uma construção social. Fazer parte do imaginário popular. Porém, é exatamente por isso que alguém se dispõe a pagar mais de R$ 300 mil reais para transar com uma garota que nunca teve relação sexual.

A escolha é de Catarina. Mas por quê? Como ela vai se sentir daqui 10 anos? Daqui 20? Como será com os homens que virão? E, se casar, como vai lidar com isso? E os filhos? Netos? Ela sempre será a garota que vendeu a virgindade.

A gente esquece, é claro. Não vamos lembrar do nome dela daqui uns anos. Mas quem a conhece, quem for conhecê-la, o ambiente em que vive… será que esse fato, noticiado no Brasil inteiro e até fora daqui, não vai acompanhá-la por toda a vida?

Catarina está fazendo isso num reality show. Não é qualquer coisa. A visibilidade é enorme. É pra ficar registrado. Pra sempre.

Está certo que a primeira vez é quase sempre um desastre. É a “prática” – e, principalmente, a intimidade – que torna o sexo prazeroso. Mas nem uma coisa nem outra essa jovem terá. Não tem a vivência. Não tem intimidade. E a relação sexual com um desconhecido, de glamouroso, só terá o fato de acontecer nos ares, em um avião. Nem beijo é permitido.

Sinceramente, nada parece justificar tal escolha. Não existe nada do mundo que seja tão nobre a ponto de justificar a entrega de algo tão íntimo, o próprio corpo, para um desconhecido. Sim, o corpo. Não estou dizendo a virgindade. É mais que isso. O nosso corpo é nosso. É o nosso bem maior. Não se deixa tocar, não se troca, não se vende… É nosso. Faz parte do todo. Deveríamos valorizar o que temos. Não entregar por qualquer coisa. Por uma noite de prazer. Muito menos por apenas… dinheiro.

6 comentários em “A virgindade por R$ 300 mil

  1. Meu Deus…é cada coisa que vemos que parece fora da realidade!
    Será isso necessidade de aparecer? De chamar atenção de alguma forma?
    De se sentir útil, quando se pensa que não vale nada??
    Projeto social…pra mim isso é desculpa pra tentar maquiar com virtude o que não presta…
    É cada uma na cabeça dessa juventude…

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  2. Onde estão os valores? que educação essa moça teve pra chegar a esse ponto de vender o próprio corpo em prol de um suposto “projeto social” como ela diz… vamos ver o resultado. É isso que vc falou Ronaldo, veremos no futuro se o esteriótipo que foi criado por ela, se conseguira suportar. A paz e o repeito nao tem dinheiro que pague.

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  3. Me parece que pior do que ter alguém disposto a vender a sua virgindade, é ter gente disposta à comprá-la. Cada um tem direito à fazer com o próprio corpo aquilo que bem enteder. Incluído aí aquilo que não entender. Pois duvido que ela seja consciente das consequências reais de seu ato. O futuro dela estará sempre marcado por esse fato, e isso não tem volta. E as pessoas dispostas à pagar um preço por ter esse “produto” são ao meu ver as principais responsáveis por que isso se torne uma realidade. Se não há cliente, a loja fecha. Essa é a lei de mercado. Se há prostitutas que vendem seu corpo, é porque há gente que paga. Se há corrupção no Brasil, e os políticos enriquecem às nossas custas, é porque nós mesmos permitimos isso. Nós pagamos à eles através de impostos, e eles embolsam tudo o que podem, e nós somos coniventes com isso. A grande discussão não deveria ser a menina que vende a virgindade, mas sim a sociedade que paga por isso, e por tantas outras coisas descabidas e incoerentes!

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    1. OI GABRIEL, ESSA É A MAIS PURA REALIDADE, PARABÉNS, POR ESPOR SEU PONTO DE VISTA TENHO CERTEZA, QUE MUITAS PESSOAS IRAM ABRIR OS OLHOS, E IRAM VER QUE MUNDO É ESSE ONDE TUDO PODE !!!!!!

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  4. Acho que ela foi MUITO esperta. Sobre o que tu falou, dizendo sobre ”os filhos, o marido” Se ela tiver filhos, é óbvio que não seria mais virgem, e provavelmente, antes de se casar, ou até antes de conhecer o futuro marido, ela também não seria mais virgem, mesmo que não vendesse. Acho que o marido não iria se incomodar, ao saber que um homem pagou 300 mil pra transar com a sua mulher. A maioria das mulheres, perdem a virgindade com uma pessoa que muitas vezes depois de transarem, largam fora. Um dia ela perderia, não? Então por que não ganhar 300 mil reais? Ah e outra coisa, o que ela faz ou deixa de fazer com o próprio corpo, não nos diz respeito.

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  5. Muito esperta mesmo…. também estou aceitando sair com um homem por 300 mil reais, não sou virgem, mas sou uma pessoa culta, bem intencionada, visando meu futuro.

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