Adolescente: Como reduzir o tempo de uso do celular?

Se o uso excessivo do celular faz mal pra saúde mental dos nossos adolescentes, o que dá pra fazer?

Em alguns casos, só orar, viu?

No texto anterior, eu falei sobre alguns dos problemas mais comuns do uso excessivo de celular. E, infelizmente, recebi alguns recados do tipo:

Tenho uma filha de 16 anos. Ela vive no celular. E se tento tirar o aparelho dela, ela se torna outra pessoa. Minha casa vira campo de batalha. O clima fica insuportável.

Teve uma mãe que me contou ter feito de tudo para não dar o celular pra filha antes da garota completar 15 anos. Mas o pai discordou e deu o aparelho quando a menina ainda nem tinha entrado na adolescência. Hoje, a garota ignora a família e vive no celular.

É isso, gente, o celular é viciante – inclusive pra nós. Eu já citei aqui que, em média, nós brasileiros passamos 5 horas e 19 minutos por dia usando a internet no celular. Os dados são da pesquisa We Are Social, de 2024.

Detalhe, os brasileiros estão presentes em pelo menos 8 redes sociais diferentes.

Somos apaixonados pelo mundo virtual.

E se nós, adultos, temos dificuldade para usar racionalmente o aparelhinho, o que dizer das nossas crianças e adolescentes?

As redes sociais foram pensadas para nos manter ali, presos a elas. Noutras palavras, foram feitas para viciar.

Além disso, estudos mostram que o uso de smartphones ativa os circuitos de recompensa do cérebro, liberando dopamina, que é a mesma substância química liberada durante experiências prazerosas como comer ou fazer sexo. Essa liberação de dopamina reforça o comportamento de uso do celular, tornando-o um hábito difícil de quebrar.

Por isso, minha defesa número 1 é: pais, eduquem seus filhos para o mundo digital; ensinem como usar o celular e, se possível, retardem ao máximo a entrega de um aparelho só para eles.

Depois que o celular se tornar parte deles, parte do que são, tudo fica muito mais difícil.

E aí, o que fazer se seu adolescente não larga o celular?

A primeira coisa é entender este contexto que acabei de citar. Se o aparelhinho já faz parte da vida dele, se fica horas e horas ligado na telinha, você vai precisar agir com sabedoria.

O confronto não é a melhor estratégia. Tudo o que for fazer terá que ser dialogado, conversado, negociado.

Ainda assim, algumas coisas são essenciais. Entre elas, estabelecer o tempo de uso e o horário do uso. Tipo: pode usar depois das obrigações – estudar, fazer a tarefa, ajudar em casa etc. As obrigações primeiro. Depois, o lazer.

Outro limite essencial: na hora das refeições, nada de celular. Mas isso vale pro seu filho e pra você também. Se você come olhando para a telinha, a conexão familiar já foi pro lixo.

Mais um ponto necessário: monitore o uso. Você precisa saber o que seu filho acessa. É fato que ele/a deve saber usar o aparelhinho muito melhor do que você. Então procure aprender e ficar mais esperto/a. Seu filho pode estar consumindo conteúdos que não fazem bem a ele ou, pior, pode estar se conectando a criminosos.

Outra coisa que você pode e deve fazer: incentive seu filho a participar de atividades presenciais que demandem a presença dele ali, offline. Por exemplo, esporte, música, arte… Faça também programas familiares fora de casa, que permitam que as pessoas da família experimentem situações reais (não virtuais).

Por fim, uma última dica: conversem. Conversem abertamente. Mas sem julgamentos e acusações. Ficar gritando, atacando, acusando não ajuda. Conversem, falem sobre os riscos do uso excessivo, reconheçam os benefícios…

E, principalmente, tenha a maturidade de entender que só a força vontade do seu filho/a (ou seja, mesmo que ele/a se esforce) não vai tirar o celular da mão dele/a. O celular é viciante. Então vocês, juntos, precisam construir estratégias para ficarem menos tempo no celular. Por isso, conversem muito!

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