Para onde vão nossos desejos?

Para onde vão quando nada parece fazer sentido? Para onde vão quando a vida se perde numa curva da estrada? Para onde vão quando tudo que sempre se desejou simplesmente desaparece como num passe de mágica? Onde encontrar forças? Onde encontrar motivos se as razões para sorrir esvaziaram-se?

Não há respostas. Perdemo-nos. Todos nós. A vida prega peças que surpreendem. Ninguém controla tudo. Muito menos, sentimentos e emoções.

Dia desses gravei uma entrevista sobre a importância de sermos educados para lidar com as emoções. O papo foi empolgante. Afinal, vivemos um tempo em que cuidamos muito do intelecto, mas damos pouca atenção ao que sentimos. Entretanto, embora a conversa tenha revelado a importância de reconhecermos aquilo que sentimos, cheguei à conclusão que ninguém aprende ou domina completamente o que vai no coração.

Você não chega e diz pro coração:
– Não fique triste!

Já tentou? Deu certo?

Pois bem… se deu certo, venda a receita. Isso mesmo, venda!

Queremos superar as perdas. Quem gosta da dor é masoquista. Doente da cabeça. Gente “normal” quer sentir-se bem.

São nossos desejos que nos movem. Desejos entendidos como a pulsão de nossa vida. E esta se faz presente na vontade de trabalhar, estudar, ler um livro, amar… viver. A busca e a realização dos desejos fazem a alma bailar.

Entretanto, por vezes, parecem nos abandonar. E nos deixam quase sempre por situações aparentemente corriqueiras, mas que nunca serão facilmente assimiladas. Pode ser a perda de alguém querido, a briga com um amigo, os desencontros no amor… E aí você olha dos lados e nada faz sentido. Olha para dentro de si e só encontra vazio. Nenhuma resposta. Só perguntas.

Quando isso acontece, ah… você pode ouvir o que for, qualquer palavra, mas nada consola. Não tem abraço, não tem carinho, não tem sorriso… nada. Nada conforta.

Seria carência? Fragilidade emocional? Talvez. Talvez sim. Mas, confesso que tenho medo de pessoas que não sentem dor, que lidam de maneira completamente prática com os sentimentos. Para mim, que vive assim, não vive. Viver e não sentir, não é viver.

As dores da alma são por vezes muito piores que as do corpo. Estas se curam com remédios, cirurgias… tratamentos que a ciência proporciona. As do coração… só o tempo. E às vezes, nem o tempo. Até cicatriza, mas as marcas ficam.

Uma vida bem vivida é uma vida de ganhos e perdas. De desejos adquiridos, de desejos esvaziados. De motivos novos, de motivos velhos e abandonados – por escolhas que nem sempre são nossas.

Viver bem é reconhecer que há dias em que simplesmente não desejamos existir. Sabendo, no entanto, que sempre haverá um novo dia…

PS- Raramente escrevo um texto ouvindo música. Mas hoje aconteceu. Então, se ajudar a fazer sentido, a canção é Suddenly I See (Pra ouvir ou ler).

7 comentários em “Para onde vão nossos desejos?

  1. Meu amigo, a cada dia você se supera… se é que isso é possível. Não sei se já lhe disse que gosto muito de teus textos sobre relacionamentos… Aguardo-os sempre com expectativas… E a cada texto me surpreendo mais…

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  2. Meu irmão Nezo, o que está no oculto de nossas almas você consegue fazer vir à tona e demonstrar a fragilidade de nossas vidas. É assim mesmo, gostemos ou não.
    Só nos resta ter a atitude e assumir o compromisso de não ancorar na tristeza por muito tempo, criar novos cenários e seguir em frente. A vida é assim.
    A vida é muito preciosa para pagarmos faturas amargas que, em muitos casos, não fomos – e nem somos – nós que a geramos. Quando a fatura é amarga, pagamos o preço, pedimos perdão e seguimos em frente. Não dá pra ficar irrigando por toda uma vida um sentimento de culpa exteriorizado. Quando não o confessamos, aí caímos na escuridão.
    Portanto, confessemos nossos pecados e nossas culpa com o compromisso do arrependimento e bola pra frente, conforme nos ensina Jesus, o maior amigo dos pecadores, não é mesmo?

    abraço, jornalista luiz carlos rizzo

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  3. maravilhoso professor o sr. ilumina muitas almas com sua brilhante sabedoria eu estava passando por serias dificuldades achei o caminho de volta. sem palavras para agradecer te parabens mesmo um abraço do tamanhodo riogrande leo f maia caxiasdo sul rs.

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