Não controlamos os sentimentos do outro, mas devemos amá-lo

Não temos controle do tempo. Não controlamos nosso futuro. Não temos o controle do outro. Não temos como controlar o sentimento do outro por nós!!

Tem alguém que você gostaria que te amasse?

Recordo agora do filme “Todo Poderoso”. É uma obra de ficção.

No filme, Deus entrega a um homem todos os seus poderes. O personagem do ator americano Jim Carrey, o repórter Bruce Nolan, ganha do próprio Deus a chance de se tornar o “todo poderoso”.

Quando Deus dá as últimas recomendações a Bruce, alerta: ele pode tudo, menos tocar no livre arbítrio do ser humano. Ou seja, a escolha sempre será dos indivíduos.

E é justamente essa incapacidade que fragiliza Bruce. Por quê? Porque o personagem quer fazer com que sua namorada volte a amá-lo, mas não pode, não consegue.

Quando um amor não é correspondido, muitas vezes a pessoa gostaria de ter o poder de controlar os sentimentos do outro.

Temos em nós uma carência inata: desejamos ser amados.

Nossa busca por sermos amados nos faz semelhantes a uma criança de três anos de idade que grita pela mãe quando precisa dela.

Por vezes, nos limitamos, nos apequenamos, na busca por ser amados. Agimos e deixamos de agir preocupados em ganhar ou ter o amor do outro.

E isso acontece porque há um vazio em nós que reclama a presença e o amor de outras pessoas. É o amor do outro que nos humaniza e dá sentido a nossa existência.

O filósofo Erich Fromm, em seu livro “A arte de amar”, ressalta que nós só somos felizes quando estamos unidos aos outros.

Por isso, mesmo quem parece autossuficiente, frequentemente, esconde uma profunda necessidade de conexão e aceitação. Aqueles que parecem não precisar de ninguém estão, em sua essência, buscando formas de preencher esse vazio emocional.

Quem afasta, quase sempre, mascara certa raiva de não ser amado, de não ser querido.

Porém, ninguém tem controle dos sentimentos que o outro têm por nós.

Seria maravilhoso se todos os colegas de trabalho nos admirassem… Na escola, seria fantástico, para o professor, ter a aprovação de todos os alunos… Ou, para o aluno, ser o queridinho da professora. Mas não é assim que funciona.

Nem o amor de um filho por sua mãe… Ou da mãe por um filho é um fato natural. O amor não é genético.

Em nossas relações, seremos amados e odiados; desejados ou rejeitados.

E o que nos cabe fazer? Amar. Para o cristão, esta é uma condição essencial.

Amar com troca, não é amar. E só ama, de fato, quem é bem resolvido, quem tem amor.

Mas aqui um alerta: amar o outro não é se tornar refém do outro. Amar não é ser refém do outro e nem se submeter às agressões do outro. É possível amar à distância, quando necessário. Você ama estando disponível, você ama quando deseja o bem, quando cuida, quando não destrói, quando não cobra e nem impõe condições.

Você ama, mas deixa o outro livre. Livre para amar – ou não.

Quando compreendemos isso, também nos libertamos. Cuidamos mais de nós mesmos e nos preocupamos menos com o que os outros sentem por nós.

E sabe o que é mais incrível? Quando somos bem resolvidos no amor, recebemos amor autêntico.

Portanto, entenda: amar verdadeiramente é saber que a liberdade é solo fértil para o crescimento do amor.

Ao aceitar essa verdade, também nos libertamos das correntes das expectativas e permitimos que o amor, em sua forma mais pura, nos transforme e aperfeiçoe o nosso caráter.

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