Toda escolha tem um custo; toda escolha tem uma perda

Quando falei aqui sobre “ame, mas não se deixe maltratar”, recebi inúmeras mensagens.

Muita gente comentou:

“Ronaldo, esta mensagem era tudo o que eu precisava ouvir”.

Ao tratar sobre a importância de amar as pessoas, mas não aceitar ser maltratado/a por elas, destaquei a necessidade de estabelecer limites. E, às vezes, se afastar.

E é neste contexto que entra o tema de hoje. Alguns ouvintes queridos falaram:

“Ronaldo, eu não queria me afastar; eu não gostaria de perder o relacionamento que tenho com minha neta…”; “eu não queria me afastar do meu pai”…

São pessoas que amam, mas tem sofrido emocionalmente em função de maus tratos verbais por parte de filhos, por parte de mães…

Ao mesmo tempo que sofrem esses abusos, no entorno dessas pessoas estão outras que são preciosas e que trazem alegria e sentido pra vida de quem está sofrendo.

Por isso, se afastar de uma filha que a trata mal pode resultar na perda de um vínculo mais próximo com uma neta, por exemplo.

Tá entendendo?

E aí, o que fazer?

Tem um ditado que minha mãe sempre repetia: “ninguém faz omelete sem quebrar os ovos”.

Gente, pra resolver um problema, é preciso saber que será preciso encarar o custo do que esse enfrentamento traz consigo.

Se você é maltratado/a, precisa pôr um ponto final nisso. E, para colocar um ponto final, terá que arcar com o custo dessa escolha.

Por isso, não é fácil escolher. Às vezes, o custo é alto. Às vezes, a perda é significativa.

Mas geralmente não dá para encontrar um meio-termo: ou você aceita, de maneira abnegada, a situação que está te machucando, ou você estabelece um limite e aceita que terá que viver uma nova realidade.

Quando você escolhe uma coisa, perde outra.

E isso acontece não apenas no caso dos relacionamentos em que você ama, mas tem sido maltratado/a.

Acontece no trabalho, acontece na escola… Acontece na igreja.

Talvez você trabalha com uma pessoa que te incomoda, que não é profissional, que, ao falhar, prejudica o seu trabalho. Mas essa pessoa é amiga do chefe e você já conversou, já relatou o problema para o departamento pessoal e nada aconteceu.

Se o problema te incomoda tanto, por mais que goste da empresa, do salário que você recebe, só resta uma saída: pedir demissão. E o desligamento implica numa perda.

Ou seja, escolher é perder.

Justamente por isso frequentemente optamos por reclamar, por lamentar e não agir.

Dias atrás, recebi a mensagem de uma mulher que sofre constante com violência psicológica. Após contar o que passa diariamente e reclamar, ela me pediu:

Ronaldo, você grava alguma coisa mostrando que pessoas como ele precisam mudar?

Fiquei sensibilizado com o pedido dela, mas tive que responder: “minha amiga, as coisas não funcionam assim; ele precisa querer mudar. Neste momento, a única coisa que você tem controle é sobre a sua escolha; é sobre o que você pode fazer para pôr fim a essa situação.”

Ela não queria abrir mão do que tinha, por isso, gostaria que o outro mudasse.

Acontece que o outro é o outro. Não temos como fazer o outro mudar. Também não temos como mudar a empresa, o chefe, os colegas na sala de aula…

O que podemos fazer é tomar uma atitude que nos proteja, que rompa com a situação que nos entristece.

Nós podemos fazer a escolha. Porém, haverá perdas. Mas não escolher também; porque, ao não escolher, você seguirá convivendo com o problema – e perdendo saúde, perdendo o amor próprio e perdendo vida. Porque dias vividos sem sentido, sem propósito, são dias não vividos.

Pegou a ideia?

Portanto, entenda: toda escolha tem perdas. Mas o mais importante é entender que “você não pode se perder”. Ter uma vida com propósito, com sentido, uma vida alegradora, com conexões sociais saudáveis são as bases para que tenhamos, de fato, uma vida.