Um rótulo de temperamento não define quem você é

tempos atrás, falei sobre os 4 temperamentos – sanguíneo, fleumático, colérico e melancólico. falei sobre isso no rádio e também gravei o conteúdo em podcast. foi muito legal ver a repercussão do assunto. e muita gente pediu mais informações, dicas de sites para fazer testes e ver em qual tipo de temperamento se encaixava… foi uma experiência interessante notar a curiosidade do público.

porém, embora também goste bastante das discussões sobre os tipos de temperamento, precisamos ter alguns cuidados. e o primeiro e mais importante é compreendermos que não nos limitamos a uma única coisa. noutras palavras, dizer que sou sanguíneo ou melancólico é me colocar numa espécie de caixinha, como se eu fosse aquilo e ponto final.

e as coisas não funcionam assim.

eu, por exemplo, me identificaria muito mais como alguém de temperamento colérico na juventude. porém, qualquer pessoa que esteja convivendo comigo nos últimos 20 anos, talvez diga:

como assim, ronaldo? colérico? você? você tem mais jeitão de fleumático. você é adaptável, evita confrontos e até parece um tanto apático.

pois é… quem fizer essa leitura a meu respeito não está errado. eu reproduzo muito das características de uma pessoa fleumática, tenho traços de melancólico… mas isso significa que o colérico morreu? não. o colérico aprendeu a se conter. e a experiência trouxe calma, disposição para ouvir… mas minhas características de enxergar diferente, de ter sempre uma solução para os problemas, o meu incômodo por resolver os problemas segue comigo.

ou seja, eu posso até ter, neste momento da vida, traços mais fortes de um tipo de temperamento, mas tenho características de outros temperamentos… carrego comigo, faz parte de mim.

além disso, em nossa vida, mudamos e graças a Deus por isso.

então, entenda, quando você lê, ouve ou mesmo faz algum teste para identificar o seu tipo de temperamento, aquilo que você obtém como resultado não é você. você não se limita ao resultado de um teste.

além disso, os tipos de temperamento são apenas um dos estudos sobre personalidade. existem, por exemplo, profissionais especializados em testes de uma teoria muito usada por coaches – chamada teoria DISC, que estuda o que chamam de comportamento dominante, estável, influente e o conforme (ou de conformidade).

este teste é muito bacana e ajuda a entender muita coisa a respeito de si mesmo.

também existe um outro estudo que resultou num modelo chamado eneagrama, que particularmente me agrada bastante. o eneagrama identifica 9 tipos de personalidade.

eu não sei se estou me fazendo entender… mas o que estou querendo dizer é que a gente não pode pegar um único teste e dizer: “sou isso”. isso é limitante. nos apequena.

todos os estudos sobre personalidade, comportamento… têm seu valor. e todos podem nos ajudar em algo fundamental: nos conhecer.

sim, amigo e amiga, os estudos sobre personalidade, comportamento são importantes para que façamos algo que geralmente negligenciamos: olhar para nós mesmos e tentar entender quem somos, por que reagimos de uma maneira e não de outra…

e a partir deste processo de conhecimento de si mesmo podemos potencializar aquilo que temos de melhor, sabendo que se trata de uma característica que já está em nós… e também podemos tratar daquilo que pode se revelar como uma fraqueza.

por exemplo, por carregar um pouco de colérico em mim, eu tenho dificuldade para lidar com pessoas que não conseguem pensar fora da caixa, com gente que sempre faz as coisas do mesmo jeito, não conseguem fazer conexões… mas, por saber como funciono, eu procuro lidar com isso para não atropelar quem trabalha comigo, meus alunos e familiares.

pegou a ideia?

queira saber tudo sobre o comportamento, personalidade… e até faça testes, mas use isto para seu crescimento e não para assumir um rótulo. um tipo de personalidade não define quem você é.

você e eu somos mais complexos do que uma dúzia de características listadas num perfil comportamental.