Como superar o medo de falar em público?

Depois de falar sobre “O que fazer quando não acreditamos em nós mesmos?”, voltei a receber perguntas:

Professor, mas o que eu posso fazer para superar o medo de falar em público?

Alguns querem falar na igreja… Outros querem se sentir mais confortáveis de expressar opinião em reuniões da empresa… Enfim, falar em público é sempre desafiador.

Então vou tentar ajudar.

Quando eu falei sobre “acreditar em si mesmo”, destaquei a necessidade de ter uma opinião positiva sobre sua capacidade de se expressar.

Tudo começa com a confiança.

E aqui entra um ponto fundamental: a confiança não significa não ter medo. Temos medo de tudo que é desconhecido.

E mesmo que você esteja acostumado a falar com as pessoas, a palestrar, pregar etc., ainda assim pode ter medo diante de um público novo, ou estando num ambiente diferente daquele que você domina.

Por isso, não se trata de acabar com o medo, mas de saber lidar com o medo e não deixá-lo te silenciar.

Quanto às dicas, vou listar sugestões bastante pessoais. Não vou tratar de técnicas. Elas podem ser estudadas em livros, palestras e até cursos de oratória. Além disso, as técnicas são desenvolvidas e aprimoradas com o tempo.

Minha primeira dica é: seja você. Não tente ser o que você não é. Não tente falar mais bonito, não mude a entonação da voz, não seja um personagem. Se você é uma pessoa mais séria, mais fechada, não tente fazer brincadeiras. Se é brincalhão, use sua descontração.

Segunda dica: domine o assunto. Se você sabe do que vai falar, não precisa ter receio de ter “um branco” durante a sua exposição. Então conheça o assunto.

Mais do que dominar o assunto, fale daquilo que te é natural.

Fale de algo que você já sabe, um tema que você seria capaz de conversar sozinho – ou com a esposa, ou com o marido – durante horas.

Se for falar sobre algo que você estudou especificamente para aquela situação – ou seja, se for algo sobre o qual você vai falar pela primeira vez -, em função do “nervosismo”, a chance de “dar branco” é grande.

Nos meus anos como professor de orientação de projeto de pesquisas, na faculdade, eu desenvolvi um método para que os alunos não tivessem problemas na hora da apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso. Criei uma estratégia para que, em pelo menos 4 ocasiões, o aluno/a falasse sobre as pesquisas, mas sem a pressão de uma avaliação, e de público ouvinte.

Qual o propósito do método? Naturalizar o tema da pesquisa. Ou seja, no momento da apresentação definitiva da pesquisa, o aluno já tinha falado tantas vezes sobre ela que não havia mais surpresa.

Por isso, sugiro: fale sobre o que faz parte do seu repertório – por mais simples que seja.

Terceira dica: treine. Faça isso debaixo do chuveiro, em frente ao espelho e diante de uma câmera de celular. Não tenha preguiça de treinar.

Quarta dica: não decore o que você vai falar. Você deve falar com as suas palavras e não de maneira mecanizada, decorada. Quando você decora, não é você falando; é um robô.

Quinta dica: procure conhecer ou estar no ambiente onde você vai falar. Chegue com antecedência. Conheça o local, o espaço, o microfone (se for usar), as pessoas que estarão trabalhando no som. Ter o domínio do ambiente é quase tão importante quanto conhecer sobre o que vai falar.

Sexta dica: use roupa e calçado confortáveis. Quando for falar, não é dia de colocar uma sandália de salto que você nunca usa; não é dia de colocar uma camisa que deixa o pescoço apertado… Você não tem que se preocupar com nada além do conteúdo que vai apresentar.

Sétima dica: esteja pronto para o inesperado. O som pode não funcionar, o projetor de slides pode dar problemas, a música que iria completar sua fala pode não dar certo. Então, se prepare para estas situações. Quando vou usar alguma mídia, gosto de ter ela salva em diferentes plataformas – para o caso de a internet não funcionar, do email não abrir… E, principalmente, gosto de ter o meu roteiro no papel. Se tudo der errado, ainda estarei lá, eu e minhas anotações.