As redes sociais e as meninas

As redes sociais têm causado sofrimento emocional em muitos jovens e adolescentes. E as meninas são as principais vítimas.

Vamos conversar sobre isto?

Prefere ouvir? Dê o play!

As redes sociais fazem parte da vida de milhões de pessoas. E os estudos mostram que nós, brasileiros, gostamos demais das redes.

A pesquisa We are social, de 2024, que é o estudo mais completo sobre tecnologias digitais e que engloba os hábitos de consumo de conteúdo digital em todo o planeta, revela que os brasileiros, em média, estão presentes em pelo menos 8 redes sociais diferentes.

É isso mesmo. Se você está apenas no Instagram ou no Facebook, saiba que você desconhece o que está rolando no mundo das redes.

Nossos jovens, conhecem redes e estão presentes em mídias sociais que a maioria dos pais sequer ouviu falar.

E embora eles estejam bastante atualizados, a maneira como usam as redes tem causado sofrimento emocional.

Os estudos desenvolvidos por diferentes pesquisadores mostram que o uso excessivo e inadequado das redes sociais pode trazer sérios prejuízos para a saúde mental dos adolescentes.

O uso das redes pode afetar a autoestima, o bem-estar, o sono, o rendimento escolar e a relação com os outros.

Porém, descobrimos recentemente que as meninas são mais afetadas do que os meninos.

Dados alarmantes do Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC), de 2021, revelam que quase três em cada cinco meninas adolescentes se sentem constantemente tristes ou sem esperança.

E por que isto acontece?

Os pesquisadores acreditam que as meninas, que amadurecem mais cedo do que os meninos, sofrem mais com a pressão de se adequarem a padrões irreais e contraditórios de feminilidade, que são reproduzidos e amplificados pelas redes sociais.

Elas também são mais vulneráveis a experiências de bullying, exclusão, violência e exploração sexual no ambiente virtual. E isso pode gerar sentimentos de tristeza, ansiedade, culpa, vergonha e desesperança.

As plataformas são particularmente tóxicas para as meninas, porque expõem um conteúdo sexista intenso, que pressiona as meninas a atender a padrões físicos irreais e as coloca sob o olhar crítico da sociedade.

A pressão para se encaixar nos padrões, a busca por pertencimento, leva as meninas a uma encruzilhada perigosa – elas se veem obrigadas a adotar uma maturidade sexual precoce para serem populares; ao mesmo tempo, enfrentam a sexualização e o assédio por parte de adultos.

A influência das imagens e vídeos, mais do que as palavras, no cérebro em desenvolvimento dos jovens é profunda e imediata.

As redes sociais, com seus algoritmos desenhados para capturar a atenção, não mostram para os jovens os perigos que estão ali… Por outro lado, promovem a imitação de comportamentos nocivos.

Diante desse cenário, é fundamental que as famílias estejam atentas aos sinais de sofrimento emocional das meninas e ofereçam apoio, orientação e proteção.

Os pais devem conversar com suas filhas sobre os riscos e benefícios das redes sociais. Não se trata de proibir. Proibir só cria afastamento.

O pai e a mãe que não sabem como agir e optam pela censura, pela proibição, perdem os filhos.

Eles vão consumir, escondidos, os conteúdos; e, pior, os pais ficarão alheios, ignorantes ao que está acontecendo.

Portanto, a estratégia é, primeiro, conhecer as redes para saber como dialogar. E ao fazer isto, agir com afeto, com amor.

Desta forma, devem estimular o uso crítico e responsável dessas ferramentas, negociar o tempo de uso e exposição às telas, incentivar outras atividades saudáveis e prazerosas, como hobbies, esportes, leitura e convívio social, e buscar ajuda profissional quando necessário.

As redes sociais não são ruins, desde que não substituam ou prejudiquem as relações reais, o desenvolvimento pessoal e a qualidade de vida dos jovens.

As meninas, que são as mais afetadas, precisam de mais suporte da família para enfrentar os desafios da adolescência e construir sua identidade e autoconfiança.